Ancestralidade e feminilidade são destaques na primeira edição do Yá Dandara

Promovido por grupo de maracatu exclusivamente feminino, evento foi realizado no pátio do MTB
Por Maurício Santana - estudante de Jornalismo
06/12/2023 14h44 - Atualizado em 06/12/2023 às 14h44

No último sábado (25), o pátio do Museu Théo Brandão (MTB) foi palco de um evento marcado pela presença feminina e pela ancestralidade do povo preto: o primeiro Festival Yá Dandara. Realizado pelo Maracatu Yá Dandara, primeiro grupo do segmento formado exclusivamente por mulheres, o festival gratuito teve início às 14h e contou com apresentações musicais, oficinas, bazar e feira de artesanato.

O evento foi iniciado pelas oficinas de turbantes e de pintura facial afro, que aconteceram de forma simultânea e foram ministradas por Tereza Olegário e Diana Vasconcelos, respectivamente. Além disso, também no início, houve bendição com a curandeira Dona Fátima da Silva, uma das anciãs do maracatu Yá Dandara.

Para a musicista Dani Lins, idealizadora do evento e do Maracatu Yá Dandara, levar esse momento para um espaço público e de forma gratuita é uma maneira de tornar a cultura alagoana mais acessível.

“Existem tantos talentos que não são alcançados porque movimentos como esses ficam muito reclusos a espaços fechados. Nossa intenção é ir além disso, é levar o maracatu a todos os lugares, a todas as periferias, levar esse sonho que é nosso. Começamos aqui no museu e não vamos mais parar”, afirmou Dani Lins.

Logo após os workshops e bendições, o pátio do Museu Théo Brandão vibrou e dançou ao som da Orquestra de Tambores de Alagoas, do Samba de Roda Posú Beta, Escola de Samba Girassol, Banda Afro Oyámesan, Coco de Roda Comunidade Azul, Coco das Aqualtunes, Banda Afro Dendê e do próprio Maracatu Yá Dandara. Entre uma e outra apresentação cultural, o evento foi marcado por momentos de “femenagens” prestadas a mulheres com história de trabalho e luta pela cultura.

Foram homenageadas nesta primeira edição do Festival, a mestra Zeza do Coco e Mãe Mirian, ambas Patrimônio Vivo de Alagoas; a secretária da Mulher e Direitos Humanos de Alagoas, Maria José da Silva; a artista Leide Serafim; e a museóloga e diretora do Museu Théo Brandão, Hildênia Oliveira.

“A casa da gente alagoana não foi chamada desse jeito à toa. Ela é de Alagoas, ela é do Yá Dandara, ela é das mulheres alagoanas. Precisamos ocupar esse espaço e tornar ele cada vez mais nosso, assim como torná-lo cada vez mais feminino”, disse Hildênia em sua fala de agradecimento à honraria concedida pelo grupo de maracatu.

Com entrada gratuita, o primeiro Festival Yá Dandara atraiu diversas pessoas que sentem a carência de eventos semelhantes, como a analista de segurança em informática Débora Reis. “Eu me surpreendi quando vi que seriam várias atrações culturais, e ainda, aberto ao público e celebrando mulheres e a cultura negra. Acho que precisamos cada vez mais disso, de levar isso a todo mundo”, concluiu Débora.