Autores independentes movimentam Praça de Autógrafos da Bienal

Contos, poemas e muito mais estão dentre os livros a serem lançados por escritores independentes

Por Deriky Pereira – jornalista
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Tão logo teve início a divulgação para autores independentes lançarem seus livros na Praça de Autógrafos Paraíso de Papel da 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas as inscrições não pararam de chegar. Durante os dez dias, muitas novas obras serão entregues ao público, dentre elas, livros de contos, poemas, crônicas e muito mais. As solenidades serão feitas diariamente e, claro, a entrada é totalmente gratuita.

Um dos livros a serem lançados é “Todos os Santos”, organizado por Demi Goldheart e que conta com colaboração da designer da Bienal 2023, Janaina Araújo. Em suas 120 páginas, o livro apresenta reflexões sobre as histórias de santos que, como diz a sinopse, “a gente nunca sabe o que é verdade ou o que é aumentado”.

Foi pensando nisso que a coletânea surgiu: para mostrar um pouco mais sobre eles e deixá-los falar por si. “Quando pensamos em criar o Todos os Santos, nossa ideia sempre foi tentar popularizar a memória sobre os santos católicos para o público infanto-juvenil com histórias casuais, divertidas e emocionantes. Foi muito gratificante poder fazer parte desse projeto, principalmente ao lado de outras mulheres nordestinas que compõem a produção do quadrinho”, explicou Janaina.

Para Mariana Petrovana, docente do curso de Design da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), o livro tem pretensão simples, porém ousada: trazer santos católicos numa visão contemporânea, engraçada, mas, ainda assim, respeitosa que todos pudessem ler e se divertir, sem necessariamente saírem ofendidos. Pelo contrário, ela espera que os leitores possam se divertir a cada página lida.

"Eis que agora, depois de uma longa estrada, cada autora nordestina que botou sua fé nas páginas deste quadrinho pode alcançar os leitores em um quadrinho físico, que foi sorte milagre, parte teimosia, mas principalmente muito carinho, pela nona arte, por narrar um causo, por escrever e desenhar mundos. Eu sou grata por fazer parte deste projeto, além de ter me divertido muito pensando na história que produzi de São Tomé, e acredito que todos que lerão nossas histórias em quadrinhos, também poderão se divertir com a experiência", declarou.

O lançamento de “Todos os Santos” será no domingo, 13 de agosto, a partir das 19h30, na Praça de Autógrafos.

Poemas como novos sentidos de vida

Uma das autoras é Tainá Carvalho, que vai lançar “Rimas Livres para Efeitos Colaterais”, que leva o selo da Editora Minimalismos. Ela nos conta que o título surgiu a partir de suas impressões durante prática clínica enquanto psiquiatra e ouvinte do mundo. Além disso, destaca que a escrita de poemas é, para ela, uma forma de dar novos sentidos, desaprendendo e desapegando de antigos significados.

“Na vida não há qualquer escolha, ainda que muito boa, que nos livre dos ‘efeitos colaterais’. Fazer ou não fazer algo, rimar ou deixar de rimar, tudo gera repercussão para cada um. As questões que rodeiam o livro são: ‘com o quê escolhemos rimar?’ ou ainda ‘precisamos rimar o tempo inteiro?’. Assim, a poesia brinca das condições de ser livre, inclusive, para nem sempre soar bem e, às vezes, querer rimar”, reflete a autora.

O lançamento de Tainá será no dia 16 de agosto, a partir das 19h30, na Praça de Autógrafos Paraíso de Papel.

Versos em família

Mas não será apenas na Praça de Autógrafos que os autores independentes vão mostrar seu talento para o público. Henrique Alencar lançará “(com)Versos”, com o selo da Viva Editora, no estande da Quilombada, portal especializado na comercialização de obras de escritores e editoras alagoanos.

O autor nos conta que o livro surgiu de um desejo antigo, de mais de uma década, e que agora vai chegar ao grande público. “Eu sempre gostei de poesia, cresci lendo. Meu avô, desde sempre, recitava poesias de Augusto dos Anjos, Fernando Pessoa, recitava alguns cordéis e aquilo me encantava, me impulsionava à leitura e me estimulava a escrever”, disse.

Henrique diz ainda que o apoio de sua família foi fundamental para o lançamento, tanto que a capa conta com uma ilustração de sua filha de 15 anos, além da orelha do livro que também tem o toque dela. “É uma coisa em conjunto. Grande parte das poesias do livro é dedicada à minha esposa, aos meus filhos, são 52 versos escolhidos inicialmente, mas ainda tenho alguns guardados. Quem sabe mais na frente o livro ganhe uma continuação”, destaca.

Para ele, chegou a hora de fazer os poemas ganharem o mundo. “Estou muito ansioso, espero que seja um dia diferente na minha vida. Fora do meu círculo familiar, pouca gente leu, então, chegou a hora de deixar outras pessoas conhecerem e opinarem sobre o conteúdo do livro”, declara Henrique Alencar.

O lançamento do livro “(com)Versos” será no domingo, dia 13 de agosto, às 17h, no estande da Quilombada. A entrada é franca.

Escrever para diminuir ansiedade

Se você pudesse voltar em algum momento da vida durante minutos, sem permissão para mudar nada, para onde você voltaria? Quem você encontraria? Quais sensações teria outra vez? Sentiria orgulho das escolhas que fez? Esses são alguns dos questionamentos que a servidora da Universidade Federal de Alagoas, Rafaella Viana, faz em seu livro intitulado O Menor Espaço Apreciável de Tempo.

A obra foi escrita durante a pandemia do Coronavírus quando Rafaella resgatou seu hábito de escrever que já praticava desde a adolescência como forma de controlar a ansiedade.

“O resultado foi meu primeiro romance, cujo enredo aborda a questão das escolhas que fazemos e arrependimentos trazidos durante a vida. A mensagem que busco passar é a de que certamente ninguém voltaria para ver o carro do ano ou a casa de praia; essa janela do passado envolveria encontrar pessoas, não coisas”, refletiu.

A servidora destacou ainda que expor seu livro num evento como a Bienal é como uma consolidação para seu trabalho como escritora. Além disso, como servidora da Ufal, sente-se ainda mais orgulhosa, pois sempre recebeu muito incentivo da instituição para levar sua escrita adiante.

“O trabalho do escritor nunca termina, porque nossa satisfação é ver as emoções que as histórias causam. Não há alegria maior que receber uma mensagem do leitor dizendo ter se emocionado com sua narrativa. Esse é o nosso papel: ressoar nas pessoas, cada um a seu modo”, disse ela.

O livro O Menor Espaço Apreciável de Tempo ficará exposto no estande da Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa (Secult-AL), em uma parceria com a Biblioteca Estadual Graciliano Ramos.