Ufal e Sociedade debate negócios conscientes e empreendedorismo

Os entrevistados são o professor Egberto Pedro da Silva, do Campus Arapiraca, e o palestrante convidado, Thomas Eckschmidt
Por Lenilda Luna - jornalista
19/05/2023 12h54

Segundo o professor Egberto Pedro da Silva, docente de processo empreendedor do curso de Administração do Campus Arapiraca, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), um negócio consciente é “uma organização que não provoca danos, traça e divulga metas de redução de impacto ambiental, tem uma ideia abrangente de suas ações, busca continuamente fazer melhor e aborda, pelo menos, um problema social ou ambiental por meio de seu modelo de negócio ou operação”.

Ele é uma entusiasta do empreendedorismo e das startups e convidou o fundador do Movimento Capitalismo Consciente, no Brasil, no Peru e na Colômbia, Thomas Eckschmidt, para realizar algumas palestras na Ufal, dentro da programação do Circuito Alagoano de Startups, que tem apoio do Sebrae, da Fundação de Amparo à Pesquisa de Alagoas (Fapeal), da Secretaria de Ciência e Tecnologia (Secti), das prefeituras de Arapiraca e Santana do Ipanema, além das instituições de ensino como a Ufal, Instituto Federal de Alagoas (Ifal) e Universidade Estadual de Alagoas (Uneal).

Nos últimos anos, ao mesmo tempo em que as Universidades Públicas Federais sofreram sucessivos cortes de orçamento, cresceu o interesse em torno do empreendedorismo e da busca de parcerias público-privadas dentro das instituições de ensino. Num contexto econômico de crescente desemprego e de falta de oportunidades, o empreendedorismo é frequentemente apresentado como uma solução para impulsionar o crescimento econômico, criar empregos, promover a inovação e buscar financiamento para as Universidades.

O programa Ufal e Sociedade conversou com o professor Egberto Pedro e com o palestrante Thomas Eckschmidt sobre esse movimento de empreendedorismo na Universidade. O professor Egberto Pedro contou que no Campus Arapiraca está sendo construído um ecossistema empreendedor. “E essa Universidade empreendedora está sendo direcionada para os negócios conscientes. Por isso, trouxemos o Thomas para algumas palestras no Circuito Alagoano de Startups e, aproveitando, realizamos uma palestra no Sebrae para os empresários locais”, relata o professor.

O empreendedorismo tem sido amplamente divulgado com histórias de sucesso de startups e empreendedores de destaque. Essa narrativa pode influenciar os estudantes a considerarem o empreendedorismo como uma carreira atraente e desafiadora. Thomas Eckschmidt explica que a filosofia empreendedora moderna é baseada em princípios como propósito, interdependência, cultura de colaboração e liderança. “Quando eu, líder, cuido das pessoas, elas vão cuidar do meu negócio. Quando eu deixo de cuidar das pessoas, eu começo a arrumar inimigo”, disse o fundador do movimento Capitalismo Consciente.

Na entrevista, questionamos como o capitalismo pode ser consciente se é baseado na exploração da força de trabalho e dos recursos naturais, chegando a pontos extremos como o dramático caso Braskem, em Maceió, considerado o maior crime socioambiental em andamento numa área urbana no mundo. “Milton Friedman, que foi Prêmio Nobel de Economia, disse que o único propósito da empresa é gerar lucro para o acionista, mas acredito que se ele continuasse vivo, estudando e expandindo a consciência, certamente, nessa época, ele refaria a frase e diria que o propósito da empresa é gerar valor para todos os envolvidos”, refletiu Eckschmidt.

E foi adiante. Eckschmidt defende que o único propósito de qualquer organização, seja ela uma ONG, uma instituição pública ou privada, é gerar valor para a sociedade,. “Sendo assim, o que a Braskem fez, foi jogar o jogo do colonialismo: tirar toda a riqueza e ir embora, deixando o buraco. O líder que não sabe cuidar do todo, deixa um impacto negativo, como aconteceu nas Lojas Americanas, por exemplo. A diferença é: o líder quer ser maior ou melhor? No jogo finito, como vemos, todo lugar que uma empresa passa, deixa melhor, e todo mundo quer que volte”, considera Thomas Eckschmidt.