Mais de 200 crianças participaram das oficinas de música em Portugal

Professores e maestros Jair Mendes, João Paulo Cruz, Douglas Rocha e Cláudio Vieira Júnior promoveram grande interação com alunos e alunas de Castro Daire e região
Por Simoneide Araújo - enviada especial / texto e fotos
31/05/2023 13h36 - Atualizado em 31/05/2023 às 18h27
Maestro Douglas Rocha finaliza oficina com apresentação no auditório do Centro de Cultura de Castro Daire

Maestro Douglas Rocha finaliza oficina com apresentação no auditório do Centro de Cultura de Castro Daire

O mês de maio de 2023 ficará na memória dos que participaram do Festival de Música de Penedo em Portugal, principalmente os maestros e professores Jair Mendes, João Paulo Cruz, Douglas Rocha e Cláudio Vieira Júnior e as mais de 200 crianças de Castro Daire e região, inscritas no evento. Elas participaram de oficinas didáticas da música brasileira e descobriram ritmos novos, como o frevo e a batida forte da nossa percussão.

O palco das aulas foi o Centro Municipal de Cultura de Castro Daire, que reuniu músicos, professores, maestros, pesquisadores brasileiros e portugueses e muitas crianças e adolescentes. Claro que a união de educação e música só poderia resultar num grande encontro e várias apresentações. “Essa experiência do Festival de Música de Penedo aqui em Portugal foi muito positiva e incrível para mim e todos os alunos. Foi possível trazer uma orquestra de Mirandela, de Trás os Montes, Distrito de Bragança, uma orquestra de Murça, da zona de Vila Real, a Orquestra Hope, de Castro Daire, e também fizemos o encerramento com o concerto da Banda de Música dos Bombeiros Voluntários de Castro Daire, que teve a participação dos músicos brasileiros que ministraram as oficinas: João Paulo Cruz, Douglas Rocha e Cláudio Júnior”, disse o maestro Pedro Serrano, coordenador do evento em Portugal.

O maestro Serrano espera que a experiência possa se repetir com um período de tempo ampliado. “Toda gente ficou admirada com a dinâmica e com o conceito em si do evento, e esperamos repetir, com mais período temporal. Portanto, estas atividades resultaram numa grande motivação e alegria para os alunos participantes. Ao final, com a apresentação das oficinas todos estavam contentes e animados com as suas apresentações e com os concertos que fizeram para todos que estavam a assistir”, assegurou.

Ele afirma que o feedback foi muito positivo em relação às crianças, principalmente. “Nós portugueses temos uma grande dificuldade de sentir o ritmo brasileito, sobretudo porque estamos mais acostumados com um ritmo mais quadrado, muito mais no tempo 1, enquanto que no Brasil é ao contrário. Então esta diferença faz com que nós nos sintamos mais desafiados a ultrapassar esse exercício. E os alunos sentiram isso mesmo”, completou Serrano.

As oficinas realizadas seguiram o mesmo padrão das que são realizadas em qualquer país. “O diferencial nas que promovemos é a música brasileira. A ideia foi fazer com que os alunos portugueses conhecessem e experimentassem mais a música brasileira. Ao mesmo tempo, esperamos que os portugueses que tocam instrumentos de metais, madeiras e em filarmônicas possam ir ao Brasil para levar sua música para que os brasileiros também possam experimentar um pouco da música portuguesa e tradicional de Castro Daire”, descreveu Marcos Moreira, coordenador-geral do Femupe.

Algumas alunas das oficinas destacam a importância da experiência vivenciada no festival. É o caso de Matilde Maria, de 10 anos, que estuda e toca tambor e participou da oficina de percussão. Disse ter gostado da experiência e que vai continuar estudando a música brasileira.

O professor Jair Mendes, instrutor da oficina que Matilde participou, falou da satisfação de ter sido convidado para compor a equipe de instrutores das ações em Castro Daire. Ele é brasileiro, mas mora na França há alguns anos e se firmou como professor de percussão. “Foi uma grande experiência e ter sido convidado para participar do festival em Castro Daire foi muito importante, porque consegui fazer um trabalho diferente e as crianças estavam bem motivadas a aprender um pouco da nossa cultura e da música brasileira. Elas interagiram bastante e ficaram entusiasmadas com o trabalho. No início, acharam bem diferente do que estavam acostumadas a estudar e a tocar, mas no final tudo deu certo”, disse Mendes, do grupo Thimbodé, de Bordeaux-França.

O professor João Paulo Cruz, que integrou a comitiva do Femupe em Portugal, falou da experiência vivenciada durante as oficinas em Castro Daire. “Incrível essa viagem e esse intercâmbio entre Penedo e Portugal. Uma experiência incrível que foi levar a música brasileira e ver o resultado tão proveitoso e a receptividade dos alunos. É impressionante como eles amam a música brasileira. Foi incrível! Os alunos da oficina de metais já conheciam a música brasileira e demonstraram muita afinidade, então, não foi difícil. Dava para ver no olhar deles a vontade e a curiosidade de conhecer outros ritmos, como baião, frevo, maracatu, samba de coco e muitos outros. Posso dizer que foi muito proveitoso dividir essa experiência com os alunos e alunas de Castro Daire”, revelou.

Maestro e professor de música em Penedo, Douglas Rocha destacou a riqueza que foi a troca de conhecimento, fraternidade e experiência. Fomos muito bem acolhidos e as crianças nos prestigiaram com a participação delas nas oficinas de música brasileira, com vários instrumentos de metais e cordas, como o bombardino, violas, com padrão mais sinfônico, e flautas transversais. Não só os alunos e alunas, mas a própria plateia conseguiram fazer o ritmo junto com a gente. Foi uma interação muito legal, uma energia muito bacana e uma experiência que a gente vai levar para o resto das nossas vidas”, declarou.

O maestro Cláudio Vieira Júnior ministrou a oficina de música brasileira, com o tema frevo e o instrumento saxofone. Ele falou sobre a experiência do primeiro contato com as crianças e adolescentes portugueses. “De início, eles se assustaram um pouco com a velocidade do frevo, mas o que posso dizer é que depois eles abraçaram, se dedicaram e se interessaram em conhecer os nossos grandes artistas do frevo. E, agora, querem tocar frevo; e tocaram frevo. Foi uma coisa única! Nunca pensei que eu sairia de Penedo-Alagoas para Portugal para poder ensinar a nossa cultura, uma de nossas músicas, que é o frevo”, constatou.