Museu Théo Brandão: folguedos e cultura popular festejam o mês do folclore

Evento, em parceria com o Focuarte, teve brincadeiras e conversa sobre cultura popular
Por Ascom MTB
24/08/2022 11h45 - Atualizado em 24/08/2022 às 11h50

O Museu Théo Brandão (MTB) realizou, durante três dias da semana passada, o evento “Folguedos de agosto", em alusão ao mês do folclore. Promovido em parceria com o Fórum de Cultura Popular e do Artesanato Alagoano (Focuarte), a ação busca resgatar as manifestações culturais e brincadeiras típicas. 

 “Nossos folguedos tradicionais estão quase em extinção, alguns deles contando com apenas um grupo. Aqui, no Museu Théo Brandão, na casa da gente alagoana, realizamos tudo isso para resgatar e manter acesa a chama da nossa cultura”, disse a museóloga Hildênia Oliveira, diretora do MTB. 

A abertura do “Folguedos de agosto” foi realizada na quarta-feira (17), em uma roda de conversa com o jornalista João Lemos, coordenador do Focuarte. O bate-papo foi sobre a visibilidade e organização das manifestações culturais alagoanas. O momento teve início com uma breve saudação de João, ao som do pandeiro, aos mestres dos folguedos e “encantados do folclore'', termo que se refere aos mestres ancestrais dos folguedos alagoanos. 

João Lemos iniciou a roda de conversa contando um pouco sobre sua trajetória até a criação do Focuarte. Segundo o coordenador, sua dedicação à cultura alagoana foi iniciada quando ele percebeu que não havia valorização por parte da mídia, o que o levou a pesquisar mais profundamente as manifestações culturais. Em 2017, o jornalista foi a um ensaio do Guerreiro Alagoano para a realização de uma pauta, o que o encantou e o levou a percorrer todo o estado em busca dos mestres dos mais diversos folguedos. João prosseguiu dizendo que, durante a pandemia, o projeto “Valoriza Alagoas'' realizou cerca de trinta lives, todas mostrando  manifestações do folclore alagoano. A partir disso, em junho de 2020, surgiu o Focuarte. 

 “Nosso fórum vem para lidar com a falta de políticas públicas, visando dar o devido valor à nossa cultura e aos nossos mestres. Começamos com sete pessoas e, hoje, já são mais de quatrocentas. Não podemos tratar de políticas públicas sem considerar que eles são pessoas e precisam ser ouvidos e receber a devida atenção”, enfatizou João Lemos. 

Conhecer os brincantes 

Hildênia Oliveira reitera que a valorização da nossa cultura é necessária e deve ser abordada desde as séries iniciais da escola. “A longevidade da cultura popular só é possível se tiver como base a educação, para que desde cedo haja conhecimento desses brincantes”, afirmou a diretora. Após a roda de conversa, houve apresentação dos folguedos Pastoril dos Homens, de São Miguel dos Milagres, e do Coco de Roda São Marcos, de Maceió. 

O segundo dia de evento iniciou-se com uma oficina de brinquedos e brincadeiras populares, contando com a presença de alunos de diversas escolas de Maceió. Os bolsistas do museu auxiliaram os estudantes na utilização de brinquedos como bambolês e piões, além de brincadeiras como amarelinha e elástico. 

“É muito bom esse tipo de coisa, a gente brincar com os nossos amigos e lembrar como os pais brincavam no passado. Eu gosto muito de ficar no celular vendo vídeo na internet, mas gosto ainda mais de brincar com meus amigos desse jeito, nos divertindo junto”, contou Maria Clara, de 9 anos, estudante do Colégio Sacramento. 

Já para a policial civil Michele Abs, que levou a filha de 6 anos para participar da oficina, essa preservação da memória contribui muito positivamente para a formação das crianças. “Isso resgata a essência da vida. Resgata nossos reais valores e nos transporta para os tempos de antigamente. No meio de tanta tecnologia, de tantas telas, esse momento mostra que podemos viver sem todo esse avanço tecnológico e respirar ao ar livre”, afirmou Michele. 

O dia foi finalizado com a apresentação dos folguedos Chegança Silva Jardim, do município de Coqueiro Seco, e Mané do Rosário, do povoado de Poxim em Coruripe. “É importante celebrar nossa arte, nossa cultura, porque desse jeito a gente leva nosso local para todos os lugares e para pessoas de todas as idades. Têm muitos jovens que olham nossa apresentação e sentem vontade de brincar junto”, disse a Mestra Traíra, do folguedo Mané do Rosário. 

O terceiro e último dia contou com uma programação semelhante a do segundo. A oficina de brinquedos e brincadeiras populares se manteve ativa para novos visitantes, vindos de outras instituições de ensino de Maceió. Além das formas de diversão guiadas e acompanhadas pelos bolsistas do museu, as crianças contaram com parte do pátio livre para brincadeiras como pega-pega ou pular corda. 

Encerrando as atividades do “Folguedos de agosto”, houve apresentação das Taieiras Nair da Bertina, da cidade de São Miguel dos Campos, e do Guerreiro São Pedro Alagoano, de Chã da Jaqueira. “O evento acaba aqui, mas o convite a esse palco fica aberto a todos os folguedos do nosso estado. Nossas manifestações culturais são onde o povo simples se encontra para ser feliz. Não há lugar melhor para celebrar essa herança histórica tão rica quanto aqui, na casa da gente alagoana”, concluiu a diretora do MTB, Hildênia Oliveira.