Pesquisadores alertam para o risco de vacinas anti-cio em cadelas e gatas

Artigo foi publicado em revista do Conselho Federal de Medicina Veterinária
Por Lenilda Luna - jornalista
29/04/2022 14h50 - Atualizado em 04/05/2022 às 11h02

Artigo técnico produzido por pesquisadores do mestrado em Ciência Animal da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) foi publicado na revista do Conselho Federal de Medicina Veterinária. A pesquisa trata sobre o risco de fármacos livremente comercializados para evitar a reprodução em cadelas e gatas. Os autores são Evelynne Hildegard Marques de Melo, Diogo Ribeiro Câmara, Annelise Castanha Barreto Tenório Nunes e Déborah Mara Costa de Oliveira.

Durante a pesquisa no mestrado em Ciência Animal, os pesquisadores publicaram três artigos e participaram de uma proposta legislativa e uma reunião técnica federal ministerial. “Logo após publicarmos os nossos resultados em uma das mais importantes revistas de medicina de felinos do mundo, nosso trabalho tornou-se uma referência internacional. Observamos que a complexidade da doença que estudamos está ocorrendo em todo o país devido a uma fragilidade legislativa federal que regulariza o comércio de um fármaco muito usado por populares baixa renda com objetivo de evitar o nascimento de cães e gatos”, ressalta Evelynne Hildegard.

Esse artigo mais recente, publicado pelo CFMV, alerta que no Brasil o uso indiscriminado de contraceptivo hormonal injetável resulta em consequências danosas, sobretudo em gatas, em virtude de elas apresentarem maior sensibilidade a esses hormônios. “O método injetável é mais barato e é muito utilizado por pessoas de baixa renda que não tem condições de pagar uma cirurgia de castração. O controle comercial desses produtos merece atenção por conta dos efeitos colaterais graves que estão sendo registrados”, alertam os autores do artigo.

Os pesquisadores esclarecem que essa é uma questão de bem-estar animal, com reflexos sociais, políticos, jurídicos e legislativos. “A atualização legislativa sobre cães e gatos mais recente, de 2020, propõe um olhar mais atento sobre o cuidado com estes animais. Levamos de modo pioneiro, com apoio da via parlamentar e OAB-AL, o debate à instância federal responsável pela regulamentação do comércio destes fármacos que é o Ministério da Agricultura, em Brasília, apresentando sugestões para mudar essa realidade em todo o país”, explica Evellynne Melo.

Os pesquisadores alertam que esses hormônios causam danos ainda maiores quando são administrados em felinas que já estão com prenhez em curso. “É grave a administração de progestinas baseada na avaliação do senso comum, uma vez que, em gatas com acesso à rua, comumente o tutor não está ciente da ocorrência de cópula”, ponderam os pesquisadores.

O artigo propõe soluções práticas para sanar os problemas causados por essa venda indiscriminada dos fármacos. “É um importante trabalho em equipe na sociedade, com professores do mestrado de Medicina Veterinária da Ufal, a professora da UFRA (Pará) e a Comissão de Bem-estar animal da OAB Alagoas. No artigo detalhamos também as iniciativas do legislativo para que as vacinas sejam aplicadas sob controle de médicos veterinários. O Projeto de Lei de Alagoas está destacado em uma tabela onde também constam outros dois PLs, um federal do Ceará e outro estadual de São Paulo ", informa Evellynne.

Em maio, os pesquisadores vão apresentar um trabalho referente a este tema. "Apresentarei um resumo de um dos casos estudados no nosso mestrado sobre uso das progestinas, ou vacinais anti-cio. Também estaremos com um trabalho do Mestrado em Ciência Animal da Ufal no 41º Congresso Brasileiro da Associação dos Clínicos de Pequenos Animais, nos dias 26 a 28, no Centro de Convenções de Maceió”, finaliza Evelynne.

Leia o artigo aqui (página 26).