Pesquisador pede colaboração para comunicar registros do Coral Sol

Cláudio Sampaio alerta que a remoção dos organismos só deve ser feita por especialistas
Por Lenilda Luna - jornalista
01/04/2022 11h48 - Atualizado em 01/04/2022 às 12h00

Desde que a equipe de pesquisadores, formada por integrantes do Programa de Pós-Graduação Diversidade Biológica e Conservação dos Trópicos da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e do Projeto Corais do Brasil e ICMBio/ Reserva Extrativista Marinha da Lagoa de Jequiá, divulgou o alerta para a presença de colônias do Coral Sol em Alagoas, o fato ganhou grande repercussão na imprensa. 

O que motiva tanta preocupação com a presença de um coral tão bonito? O professor Cláudio Sampaio, que coordena o Laboratório de Ictiologia e Conservação, da Unidade Penedo da Ufal, explica que o problema desta espécie é a grande capacidade de dominar o espaço. “O coral Tubastraea tagusensis, conhecido popularmente como Coral Sol, é considerado uma espécie invasora no Brasil, mas se adapta, se regenera e se reproduz com muita facilidade”, destaca o pesquisador. 

Com todas essas características, o Coral Sol torna-se uma ameaça para espécies nativas e portanto compromete a biodiversidade. “Os recifes brasileiros possuem poucas espécies de corais construtores, mas quase todos são exclusivos, não existindo em nenhuma outra parte do planeta, portanto precisamos preservá-los. Por isso, o Coral Sol não pode ser deixado no ambiente, ele acaba, com sua grande capacidade de competir pelo espaço, reduzindo a possibilidade de outras espécies sobreviverem. Não só os corais nativos, outros organismos como as esponjas e até peixes, são afetados”, alerta o pesquisador. 

Pelo tamanho da colônia detectada na Lagoa Azeda, os pesquisadores acreditam que o Coral Sol já está nesse ponto do naufrágio do navio Itapajé, em Lagoa Azeda, há mais de três anos. O risco de que larvas do organismo possam ter sido transportadas pelas correntes marítimas para outras localidades é alto. Por isso, os pesquisadores pedem ajuda na localização. “A Ciência Cidadã, onde a população fornece dados para os pesquisadores, é mais do que bem-vinda, é urgente e necessária”, ressalta Cláudio Sampaio. 

Mas, o pesquisador alerta, esses corais só podem ser removidos por mergulhadores qualificados para esse trabalho. “A remoção é manual, colônia a colônia, porque ele se estabelece junto às espécies nativas. O mergulhador deve ter o cuidado de não ferir as espécies nativas. Por isso, se detectarmos as colônias de Coral Sol ainda no estágio inicial, fica mais fácil e menos custoso removê-las. Quem detectar esses corais e puder nos avisar, vai estar contribuindo com a preservação dos ambientes recifais alagoanos”, explica Cláudio. 

Caso mergulhadores localizem colônias de Coral Sol, podem encaminhar imagens e informações para o whatsapp 82 99654 5349. Claudio Sampaio concedeu uma entrevista com mais detalhes sobre o tema, para a Rádio Ufal, que pode ser conferida aqui