Diálogo Reflexivo sobre a caatinga reúne saber popular e conhecimento acadêmico

O evento aconteceu dia 28, no Campus Arapiraca, para celebrar o Dia da Caatinga
Por Lenilda Luna - jornalista
29/04/2022 16h10

Estudantes, professores, pesquisadores e agricultores familiares reuniram-se na manhã desta quinta-feira (28), no Campus Arapiraca da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), para um Diálogo Reflexivo sobre a Caatinga. A atividade foi proposta pelo professor Cícero Adriano Vieira dos Santos, que ministra a disciplina de Extensão Rural, em parceria com a Rede Raízes da Caatinga.

Segundo dados fornecidos pela Empresa Brasileira de Agropecuária (Embrapa), que foram repassadas durante a atividades, a caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro, abrange 11% do território nacional, possui cerca de 4,5 mil espécies de plantas, 1,5 espécies de animais e ocorre em Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe, Piauí e região norte de Minas Gerais, com uma população de 27 milhões de pessoas.

No semiárido, o grande desafio é combater a desertificação e produzir alimentos. “Discutimos o problema da água no Brasil e na Caatinga, principalmente nos tempos de seca em que os carros-pipas não são suficientes para a saciar a sede das pessoas e dos animais. Em muitos casos a água é fornecida através de caminhões enferrujados. As gestões do Governo Federal, principalmente a atual, não se comprometeram em resolver os problemas dessa região”, denunciou o educador popular e agricultor experimentador, Florisval Costa.

Florisval Costa é uma liderança dos trabalhadores rurais de Alagoas, desde a década de 1980. Ele foi presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Craíbas e atualmente possui um sítio agroecológico experimental no município, onde realiza reuniões e visitas guiadas para divulgar as possibilidades de cultivo sustentável, com o compromisso de preservação do Bioma. “Foi muito importante a participação de Florisval para fazer essa ponte entre a universidade e a sociedade na disseminação do conhecimento”, destacou o professor Cícero Adriano.

No evento, também foi explicado porque o Dia da Caatinga é comemorado em 28 de abril. “Uma homenagem ao engenheiro agrônomo e ecológico, João de Vasconcelos Sobrinho, que foi professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e um grande pesquisador do bioma no século passado. No entanto, mais do que cientista ou intelectual, o professor Vasconcelos Sobrinho se destacou como alguém que despertou o amor pela caatinga e que disseminou práticas efetivas de preservação”, narrou Cícero Adriano

A atividade também contou a participação de Ricardo Ramalho, engenheiro agrônomo, Marco Gomes, biólogo, e com palestra do professor Cícero Gomes, do Campus Arapiraca, que falou sobre o solo da caatinga. “O semiárido brasileiro não é um bioma homogêneo, existem formações de solo e vegetação diferentes, que é preciso conhecer, para saber a importância de cada uma dessas áreas, para preservá-las. Apesar de estarmos no século 21, com a tecnologia que já temos, as decisões políticas nem sempre levam em consideração esse conhecimento científico e popular”, alertou o professor.

Na finalização da atividade, Florisval Costa plantou uma muda Pau D’arco Roxo, planta muito conhecida nas comunidades catingueiras por suas propriedades curativas. A transcrição dos diálogos será disponibilizada na próxima semana pelos estudantes que colaboraram no registro das falas. Parte da atividade pode ser conferida no link.