População ribeirinha do Baixo São Francisco receberá ações ambientais

Atividades fazem parte da 4ª Expedição Científica e têm como público-alvo alunos de escolas de municípios
Por Diana Monteiro – jornalista
29/10/2021 17h47 - Atualizado em 29/10/2021 às 17h48

Ações ambientais vão beneficiar diretamente comunidades ribeirinhas do Baixo São Francisco e, mais uma vez, são destaque no maior evento científico realizado em águas brasileiras, a 4a Expedição Científica liderada pela Universidade Federal de Alagoas, com início no dia 1º de novembro, em Piranhas, e encerramento no dia 10, em Penedo. Oficinas, palestras, exposição, inauguração de fossas agroecológicas, além de doação de kits escolares e de jogos educativos estão entre as atividades ambientais que transcorrerão durante o evento científico. E, claro, o público-alvo são alunos de escolas da Região do Baixo São Francisco, de Alagoas e Sergipe.

Lideradas pela Ufal, as ações são voltadas à educação ambiental e têm a coordenação do professor José Vieira, mas também contam com a participação do professor Eduardo Lucena, docente do Centro de Tecnologia (Ctec), responsável pelo projeto de instalação de fossas agroecológicas em escolas de quatro municípios ribeirinhos alagoanos. As atividades promovidas na área ambiental contam também, com a parceria da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) de Alagoas.

Vieira, que também é vice-coordenador da 4ª Expedição, diz que a maioria das escolas a serem visitadas pela equipe responsável pelas ações ambientais é de educação básica. Prioritariamente, tem como público-alvo, crianças de 7 a 10 anos de idade, das turmas do Fundamental 1 e 2. O professor aproveita para destacar que alunos do 5º ao 9º ano, de escolas de Piranhas, São Brás, Penedo e Piaçabuçu participarão de atividades em dois momentos, com palestra informativa sobre a temática água, dotada de dinâmicas de conhecimento, além da oficina de Produção de Mudas e Hortaliça, envolvendo os estudantes em atividades divertidas na troca de aprendizado.

A programação na área de Educação Ambiental da 4ª Expedição Científica, conta ainda com doação de quatro notebooks, de dois projetores multimídias e três caixas de som, além de 400 kits de material escolar para trabalhar essa temática e oito kits de jogos educativos. Lembrando que haverá palestras durante o evento. Sete Pontos de Entrega Voluntária (PVEs) –locais apropriados e cuidadosamente escolhidos para receber resíduos– serão instalados em duas escolas de Piranhas. Em Pão de Açúcar, Traipu, São Brás, Penedo e Piaçabuçu, será instalado um ponto em cada uma dessas cidades.

Vão participar das ações ambientais promovidas pela Expedição Científica escolas ribeirinhas de Alagoas e Sergipe. São elas: em Piranhas, nas escolas municipais Professora Sônia Nunes e Frei Damião, esta localizada na zona rural; em Pão de Açúcar, na Unidade Municipal de Educação Ronalço dos Anjos; em Traipu, na Escola Estadual Moreno Brandão e na Escola Municipal de Educação Básica Francisco Mangabeira; em São Brás as atividades contemplarão a Escola Municipal José Araújo de Carvalho, no povoado Lagoa Comprida; em Igreja Nova, nos povoados Chinaré e Cajueiro, nas escolas municipais General Artur da Costa e Silva e Professora Rivanda Santos Gomes.

Duas instituições de ensino de Penedo também participarão das ações ambientais: nas escolas municipais de Educação Básica Professor Douglas Apratto Tenório e Professor Wilton Lisboa lucena. Em Piaçabuçu, a programação específica acontecerá na Escola Municipal de Ensino Fundamental Messias Calumby. No município ribeirinho sergipano, Propriá, será na Escola Agrícola Municipal Prefeito Geraldo Sampaio.

Fossas agroecológicas

Com projeto coordenado pelo professor Eduardo Lucena, quatro fossas agroecológicas serão inauguradas durante a expedição. Construídas com recursos da Semarh e com algumas parcerias do poder público municipal, a exemplo de Piranhas, a iniciativa beneficiará os seguintes estabelecimentos de ensino daquela região: Unidade Municipal de Educação Ronalço dos Anjos, em Pão de Açúcar; Escola Municipal Frei Damião, em Piranhas; Escola Municipal de Educação Básica Professor Wilton Lisboa Lucena, em Traipu; e Escola Municipal de Educação Básica Professora Rivanda Santos Gomes do Programa, em Igreja Nova.

Docente do Programa de Pós-graduação em Recursos Hídricos e Saneamento da Ufal, Lucena destaca que as fossas agroecológicas compõem um sistema de tratamento destinado às comunidades da zona rural. Ele explica que o citado sistema faz a separação do esgoto sanitário em águas cinzas –oriundas de pias e chuveiros– e em escuras, vindas dos vasos sanitários. As cinzas são encaminhadas para os círculos de bananeiras e as escuras para bacias de evapotranspiração. Fazem parte também como material para a construção de fossas agroecológicas, caixa de gordura, caixa de passagem e pneus inservíveis

Sala de Alerta

A instalação da Sala de Alerta, que ficará sob a responsabilidade de uma equipe técnica da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos durante a expedição, está também na programação das ações ambientais. O local tem como finalidade principal fomentar, por meio de atividades educativas, conhecimento sobre o monitoramento dos rios e de fenômenos naturais, que, segundo José Vieira, costumam atingir o Estado. A exemplo de chuvas intensas, enchentes, secas e deslizamentos de terra.

Agrega-se à atividade Sala de Alerta uma exposição de equipamentos utilizados para fazer o monitoramento hidrometeorológico de Alagoas. “Uma estação hidrometeorológica, equipamento utilizado para monitorar a chuva e o nível dos rios, será instalada em um aquário de acrílico para demonstrar o funcionamento do aparelho. Além disso, haverá um pluviômetro para simular as chuvas na região. Na parte final da apresentação será feita a distribuição da cartilha O que fazer em caso de enchentes?, que vai mostrar, de forma didática, o trabalho realizado no dia a dia pela equipe”, disse Vieira sobre a dinâmica da ação.

Roteiro da Expedição

A 4ª Expedição Científica tem a seguinte programação e roteiro: Dia 1º de novembro, abertura do evento em Piranhas e início dos trabalhos, com repovoamento de peixes nativos, doação de material e início das atividades de campo. Dia 2, atividades em Pão de Açúcar, e dia 3, em Traipu. No dia 4 de novembro, o trabalho da expedição será em São Brás e, dia 5, em Porto Real-AL e Propriá-SE. No dia 6, a equipe de pesquisadores estará em Igreja Nova e, de lá, segue para Penedo, com chegada prevista às 17h.

Em Penedo, as atividades científicas começam no dia 7 de novembro e se estendem também a Neópolis-SE. No dia 8, as atividades prosseguem em Penedo e, de lá, a equipe da expedição segue para Piaçabuçu, onde dá início aos trabalhos. No dia 9, a Foz do Rio São Francisco será alvo de diversas pesquisas. Em seguida, a expedição contempla a cidade ribeirinha sergipana Brejo Grande e, depois, retorna a Penedo, onde será o encerramento no dia 10, a partir das 11h.