Revista Reflexões traz Dossiê Naturalismo Biológico de John Searle

Periódico comemora quatro décadas de publicação das obras do autor das teorias dos atos de discurso
Por Jacqueline Freire – jornalista
26/05/2021 11h26 - Atualizado em 27/05/2021 às 15h32

Em edição especial, a Revista Reflexões traz o Dossiê Naturalismo Biológico de John Searle. É uma publicação semestral produzida pelo Grupo de Estudos em Política, Educação e Ética (Gepede/UVA/ CNPq) e, este número, foi organizado e apresentado pelos professores Argus Romero Abreu de Morais (PNPD/UFSJ) e Maxwell Morais de Lima Filho, do Curso de Filosofia da Universidade Federal de Alagoas.

Segundo o professor Maxwell, a ideia foi homenagear um dos teóricos globais mais influentes desde a década de 1970. Considerado um dos principais pensadores contemporâneos, John Rogers Searle ficou mundialmente famoso ao desenvolver a teoria dos atos de fala de Austin – ou atos de discurso.

Em 2020, foi celebrado o aniversário de 40 anos das suas obras, motivo pelo qual o grupo decidiu organizar o Dossiê. “Embora haja projetos análogos em outros idiomas, até onde nos consta, não há ainda uma homenagem exclusiva a John Searle em periódicos de língua portuguesa, no Brasil ou no exterior. Longe de almejarmos exaurir as discussões atinentes ao naturalismo biológico – tarefa impraticável –, a presente publicação permite ao leitor, estudioso ou não da obra do autor, um conjunto de reflexões originais”, afirmou.

“Nosso lançamento editorial tem por intuito trazer as mais variadas discussões acerca da Filosofia da Mente de John Searle, contando, para tanto, com a contribuição de alguns dos principais especialistas nessa abordagem teórica, vinculados a Universidades do Brasil, da Argentina, do Peru e da Áustria. Se se tratam de escritos aprofundados e relevantes, caracterizam-se também por serem investigações acessíveis ao grande público, dentro e fora da academia, ressaltando-se a clareza com que estudiosos da Filosofia Analítica tendem a expor seus raciocínios e argumentos”, explicou.

Tudo isso para que a comunidade tenha acesso a textos de alta qualidade. “O Curso de Filosofia como um todo tem trabalhado de maneira infatigável nas atividades de ensino, pesquisa e extensão e é de extrema importância que esse trabalho seja divulgado para toda a nossa comunidade acadêmica”, disse.

“As produções acadêmicas são realizadas essencialmente por meio de esforços de cooperação, os quais se pautam em relações de reconhecimento profissional e solidariedade. Nosso projeto é fruto da confiança de distintos colaboradores na Revista Reflexões, materializada no empenho em produzir os 14 artigos, três resenhas e duas traduções deste número especial, totalizando 19 textos. Não podemos deixar de ressaltar que essa tarefa se tornou ainda mais complexa em decorrência do contexto atual de crise sanitária”, afirmou o professor.

E, por isso, os agradecimentos são muitos. “Agradecemos às parcerias institucionais e acadêmicas envolvidas na organização, revisão, edição, diagramação e publicação do nosso volume especial. Nesse sentido, somos gratos aos colegas da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), pelas atividades conjuntas desenvolvidas nestes últimos anos, particularmente ao Professor Ricardo George de Araújo Silva, editor-chefe da Reflexões: Revista de Filosofia, pelo convite e pela estima em nós depositada; ao curso de Filosofia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e ao Programa de Mestrado em Letras da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), pelos ambientes amistosos e profícuos ao desenvolvimento dos nossos trabalhos; ao Programa Nacional de Pós-doutorado (PNPD/Capes), pelo suporte e incentivo à pesquisa; ao Grupo Linguagem e Cognição da Ufal, pela amizade e profissionalismo; ao Grupo Subjetividade no Pensamento Contemporâneo, pela atuação inspiradora para além dos muros da Universidade; aos professores Tárik Prata e André Leclerc, pela presteza e ensinamentos ao longo do tempo; e, por fim, ao cientista-artista Victor Santos, pela arte original da capa (Ser ou não Cérebro?). Sem essas colaborações, não teríamos conseguido. Será um prazer podermos desenvolver novas contribuições futuras”, finalizou Maxwell.

Quem foi John Rogers Searle?

Considerado um dos principais pensadores contemporâneos, John Rogers Searle nasceu no ano de 1932, em Denver, nos Estados Unidos. Durante a sua formação acadêmica na Universidade de Oxford, nos anos 50, associando-se à tradição da Filosofia Analítica, em geral, e à da Filosofia da Linguagem, em particular, estudou com renomados filósofos, como Gilbert Ryle, John Austin e Peter Strawson. De 1959 a 2019, atuou como professor de Filosofia na Universidade da Califórnia, em Berkeley.

Searle ficou mundialmente famoso ao desenvolver a teoria dos atos de fala de Austin – ou atos de discurso, como preferia Daniel Vanderveken, que em coautoria com o filósofo estadunidense publicou o texto Introdução à teoria dos atos de discurso, traduzido pela professora Candida de Sousa Melo para compor este Dossiê – e ao publicar antes dos 40 anos seu primeiro livro, considerado hoje um clássico da área, Atos de fala: um ensaio de filosofia da linguagem, em 1969.

De sua autoria, podem ser encontrados numerosos livros, artigos e ensaios acadêmicos, os quais foram traduzidos para mais de 20 idiomas, incluindo dez títulos em língua portuguesa até o momento. Pela relevância da sua produção, foi agraciado com distintas honrarias em diversos países, como são os casos da França (com o Prêmio Jean Nicod); da Espanha (com o Prêmio Jovellanos); da Itália (com o Prêmio Mente e Cérebro) e dos Estados Unidos (com a Medalha Nacional de Humanidades).

Créditos

Revista Reflexões - Dossiê Naturalismo Biológico de John Searle

Edição
Organização: Maxwell Morais de Lima Filho e Argus Romero Abreu de Morais
Editor-chefe da Revista Reflexões: Ricardo George de Araujo Silv
Arte da Capa do Dossiê Naturalismo Biológico de John Searle: Ser ou não Cérebro? (autor: Victor Santos)