Pesquisa investiga uso da Própolis Vermelha na inibição do câncer bucal

O projeto é desenvolvido pelo grupo de pesquisa Patologia Oral e Maxilofacial da Ufal, em parceria com pesquisadores de outras instituições
Por Lenilda Luna - jornalista
31/03/2021 17h09 - Atualizado em 31/03/2021 às 17h11
Equipe envolvida na pesquisa

Equipe envolvida na pesquisa

Várias pesquisas já foram desenvolvidas na Universidade Federal de Alagoas (Ufal) sobre as diversas possibilidades de uso das propriedades medicinais da Própolis Vermelha de Alagoas, uma resina extraída da planta rabo-de-bugio, que é encontrada nos manguezais alagoanos. Um novo estudo comprova que a substância pode inibir o crescimento de células cancerígenas na boca.

O trabalho está sendo desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa da Ufal Patologia Oral e Maxilofacial, desde 2019. O financiamento para a pesquisa está sendo garantido numa parceria que envolve os recursos direcionados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para o grupo de pesquisa da Ufal, a Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio) e o programa de Mestrado do Centro Universitário (Cesmac), com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal).

Os pesquisadores que integram o projeto são a professora Magna Moreira, do Programa de doutorado Renorbio da Ufal; a professora Camila Beder Panjwani, que atua em três instituições (Ufal, Cesmac, Uncisal); a professora Sonia Ferreira (Cesmac); Aldenir Feitosa (Cesmac e Uneal); o professor Ticiano Gomes (Ufal); e Carlos Arthur Almeida (Ufal). Além da ampla parceria de pesquisadores, o projeto envolve também a Empresa Fernão Velho, fundada e dirigida por Mário Calheiros de Lima, pioneiro na defesa das propriedades da Própolis Vermelha Alagoana.

A professora Camila Beder é doutora em Estomatopatologia e destaca a importância da pesquisa. “O foco principal é o uso da Própolis Vermelha de Alagoas para inibir o crescimento de células do carcinoma espinocelular de cavidade bucal, o câncer de boca mais comum. O carcinoma espinocelular de cavidade bucal representa 90% dos neoplasmas malignos da região da cabeça e pescoço. No Brasil, o Estado de Alagoas apresentou taxas de incidência por 100.000 habitantes, estimada para 2018, de 6,7 e 2,8 para homens e mulheres, respectivamente”, informou a pesquisadora.

Segundo Beder, o tratamento deste tipo de câncer ainda é um desafio, principalmente porque leva um tempo entre o fechamento do diagnóstico e o início do tratamento. “Além disso, os efeitos dos tratamentos antineoplásicos são devastadores para a mucosa bucal por conta de sua ação não seletiva sobre os ceratinócitos e células estromais tumorais e não tumorais. O objetivo deste projeto é criar e testar o gel enriquecido com extrato de Própolis Vermelha de Alagoas (Geprova) para uso antes e durante o tratamento antineoplásico de pacientes”, ressaltou.

Como evitar o câncer bucal e como tratar

A pesquisadora orienta que para evitar o câncer bucal as pessoas devem tomar alguns cuidados. “Manter uma boa alimentação, balanceada, livre de conservantes, fazer exercícios físicos e principalmente não fumar e não beber. Manter a higiene bucal em dia, visitando o dentista, de preferência de seis em seis meses. Quando da observação de qualquer ferida ou mancha que não cicatrize no período de 15 dias, deve-se procurar os profissionais da área da odontologia chamados Estomatologistas, que são encontrados em serviços privados e na rede pública”, alertou Camila.

Entre os locais onde esse tratamento pode ser encontrado estão o Bloco I do PAM Salgadinho e na Faculdade de Odontologia da Ufal (Foufal). “A Clínica da Ufal atualmente está com os atendimentos suspensos em função da pandemia de covid-19, mas, em breve, com algumas adequações do espaço, seremos agraciados com o retorno das atividades de atendimento odontológico gratuito ao público usuário”, informou a professora.

O paciente portador de carcinoma espinocelular será submetido a uma pequena cirurgia (biópsia) para análise por patologista bucal em laboratório. “Esse exame pode ser feito no Hospital Universitário [Professor Alberto Antunes] da Ufal e no Centro de Patologia de Maceió. São locais onde trabalho na prestação de serviço de assistência como patologista bucal, atendendo pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O tratamento pode ser cirúrgico isolado ou em associação com quimioterapia e radioterapia, e o paciente é encaminhado aos centros de oncologia localizados em Alagoas, um deles é o Cacon do HU”, finalizou a pesquisadora.