Artigo sobre educação em Alagoas integra e-book lançado recentemente

Coletânea contém 19 artigos e é uma das ações do Grupo de Pesquisa em Educação do Programa de Pós-graduação do Centro de Educação
Por Diana Monteiro - jornalista
19/09/2022 18h34 - Atualizado em 19/09/2022 às 18h39
Roselito Santos, bibliotecário da Ufal e um dos autores do e-book Tempo e Movimento: políticas educacionais no contexto brasileiro

Roselito Santos, bibliotecário da Ufal e um dos autores do e-book Tempo e Movimento: políticas educacionais no contexto brasileiro

Abraçar a área de educação para a continuidade de formação poderia apenas representar para o bibliotecário Roselito de Oliveira Santos mais um degrau alcançado, que, nesse seu percurso acadêmico, já é mestre em educação. Mas o diferencial está na escolha do foco para ampliação do conhecimento, tanto para ele como para essa área em Alagoas. A prova disso é o recente artigo de sua autoria Panorama da Educação no Século 19: império brasileiro e província alagoana, como um primeiro passo rumo ao doutorado que pretende fazer na mesma instituição onde se graduou, a Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

O artigo de Roselito está entre os 19 que compõem o e-book Tempo e Movimento: políticas educacionais no contexto brasileiro, de autoria de pesquisadores, fruto do Grupo de Pesquisa em Educação (Gepe) do Programa de Pós-graduação (PPGE) do Centro de Educação (Cedu) da Ufal. O grupo foi criado e é gerido pela professora Elione Maria Nogueira Diógenes, desde 2010. Além dela, o e-book tem como organizadora a professora Sandra Paz, também da mesma unidade acadêmica.

Graduado em 2002, Roselito foi da primeira turma do curso de Biblioteconomia da Ufal. Em 2008, ele ingressou como servidor da Universidade no cargo de bibliotecário-documentalista e integra a área de recursos humanos do Sistema de Bibliotecas (Sibi), onde desempenha a função na biblioteca setorial do Cedu. O que para ele não é apenas uma “feliz coincidência”, mas, acima de tudo, uma conexão com compromisso de contribuir cientificamente com a desafiante área para Alagoas, cujo processo é semeado de percalços históricos e também políticos.

O acervo da Biblioteca Setorial do Cedu, que é umas das que compõem o Sistema Sibi da Ufal, foi útil para a pesquisa e escrita do capítulo que compõe o e-book. O artigo tem origem na sua dissertação de mestrado, cujo tema de estudo tratou sobre O livro e o processo civilizatório em Alagoas: do Gabinete de Leitura à Biblioteca Pública, defendida em 2012. O trabalho foi publicado em livro em 2013, pela Edufal, em parceria com a orientadora do mestrado, Elione Maria Nogueira Diógenes, professora do Cedu.

Sobre a motivação para a produção do artigo, o bibliotecário diz que também se deve porque tem pretensão de ingressar no doutorado em Educação, cujo programa exige, para ingresso, uma produção científica na área de estudo. Roselito destaca que seu foco é ahistória da leitura em Alagoas, a partir do século 19. “Esse será objeto de pesquisa do doutorado, mas é um tema que está, obrigatoriamente, entrelaçado com a história da educação e do acesso a livros e à leitura, que eram meus interesses iniciais”, completou o bibliotecário, mestre em Educação, cuja dissertação teve com o tema O Livro e o processo civilizatório em Alagoas: do Gabinete de Leitura à Biblioteca Pública.

Motivado para sua futura etapa acadêmica, o doutorado, Roselito diz: “Sendo um leitor quase compulsivo, apaixonei-me por história e segui... e estou seguindo”.

Sobre o artigo

Roselito destaca que o artigo de sua autoria tem o objetivo de trazer para os dias de hoje a construção histórica da cultura letrada do século 19 para pesquisadores e leitores. “Percebeu-se que os fatos ali registrados, repetem-se de um século para o outro. Há essa necessidade de olhar ‘para o retrovisor’, historicamente falando, para que saibamos o que foi produzido, onde acertamos, onde erramos e que isso faz parte do processo de construção da história a cada dia”, esclareceu.

E complementa: “E naquele tempo, vemos que as dificuldades com a escolarização e alfabetização eram praticamente as mesmas, vivenciadas hoje. Então, onde estão os gargalos? É a falta de vontade dos políticos? É o ensino público que continua precário? É a demanda cada vez mais alta do capitalismo, em ter pessoas treinadas, somente para o trabalho braçal? E o que nós – estudantes, professores, pesquisadores, povo – podemos fazer para construir a educação de uma forma melhor no futuro?”

De acordo com os estudos realizados por ele, o que mais chama sua atenção é o 'traço' do atraso cultural, e por que não dizer político, que aquele momento histórico contextualizado em seu trabalho traz, em comparação com o momento de agora. “É como se estivéssemos falando de hoje. Dos índices altos de analfabetismo, da precarização da educação, apesar do preparo dos nossos professores nos dias atuais, do pouco acesso a livros e leitura, do descaso da máquina pública com a qualidade da educação. Da ‘intervenção’ do privado no público, com os nefastos interesses econômicos. A triste questão da privatização do público, apoiada pelos governos, em detrimento do povo”.

O artigo, segundo Roselito, “representa um resgate para os leitores, e reflexão para as cabeças pensantes, para a construção de nossa cidadania”.

Colaboração científica

O pesquisador destaca que cada capítulo do e-book Tempo e Movimento: políticas educacionais no contexto brasileiro traz um discurso em nome da educação, defendendo-a como pública, de qualidade e direito de todos, com múltiplas reflexões sobre a situação educacional do Brasil. “A obra aponta caminhos que devem ser seguidos pelo estado e seus gestores, se quisermos uma construção social de fato cidadã para este país amanhã”, enfatizou, acrescentando que o livro, em breve, também deverá sair em formato impresso.

Demostrando a sua disposição de luta para colaborar cientificamente com estudos que representem positividade para possíveis mudanças na educação de Alagoas, o pesquisador afirma: “É uma felicidade dar continuidade à minha formação, posto que, estudei sempre em escolas públicas. Tenhamos fé que as novas gerações tenham esse privilégio”.

Para conhecer o e- book lançado clique aqui.

Rotina de trabalho

Sobre a rotina de trabalho profissional na Ufal, Roselito diz que varia muito e se dá de acordo com o perfil da Unidade de Informação na qual esteja atuando. Destaca que o bibliotecário também pode atuar em outros tipos de instituição. A exemplo de museus, centros de informação e cultura, gerindo os processos de acesso às informações nos diversos suportes, inclusive trabalhando para a construção e especificação dos softwares de bibliotecas e catálogos cada vez mais eficientes.

Em relação à sua atuação como bibliotecário-documentalista no Cedu, enfatiza que, atualmente, sua função principal tem sido a catalogação do acervo da unidade, que ainda não está automatizado. Também faz atendimento ao público, a exemplo das demandas de pesquisas. Nas demandas da biblioteca setorial, o envolvimento com outras atividades como empréstimos de livros e orientação para elaboração dos Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs) fazem parte de suas atividades.

Roselito reforça que o treinamento para uso dos catálogos, do Portal de Periódicos Capes e uso das ABNT's para os TCC's estão também em sua rotina de trabalho e fazem parte das atividades administrativas da biblioteca setorial da unidade acadêmica. Ele informa que o setor dispõe do acervo impresso de livros, dissertações, teses e periódicos e disponibiliza computadores no ambiente para uso dos alunos em suas pesquisas.