Professor emérito da Ufal completa 80 anos e lança reedição de obra clássica

Edufal vai homenagear Sávio de Almeida num evento que promete alegria, exposição de livros e momentos culturais
Por Manuella Soares - jornalista
30/03/2022 15h56

Não é possível conhecer a história de Alagoas sem passar pelos escritos do professor emérito da Ufal, Luiz Sávio de Almeida. São 80 anos de vida e décadas dedicadas à colaboração com a cultura, a educação pública e a historiografia do Estado. Vida e obra serão comemoradas durante um evento especial nesta quinta-feira (31), na Sala de Música do Complexo Cultural Teatro Deodoro, em Maceió, a partir das 19h.

As editoras das universidades Federal e Estadual de Alagoas, Edufal e Eduneal, lançam a 2ª edição do clássico Memorial biográfico de Vicente de Paula, o capitão de todas as matas: guerrilha e sociedade alternativa na mata alagoana, escrito e apresentado por Sávio.

O livro discute diferentes perspectivas, numa abordagem sociológica e histórica, sobre a formação da mata alagoana, enfocando as sociedades alternativas que se montaram, e coloca em evidência dois grandes momentos da história nordestina, a Cabanada e a Revolução Praieira. Com a primeira edição esgotada, o trabalho para a reedição da obra é um presente para a memória do Estado.

“É um livro seminal para esse momento, inclusive, de compreensão nos diferentes estágios de formação da sociedade alagoana. Então, ele vem a público com uma belíssima revisão, uma apresentação do próprio professor Sávio e foi muito bem trabalhada a escolha da capa, o processo de diagramação, muito cuidadoso, e nós estamos muito satisfeitos com essa reedição”, destacou o diretor da Edufal, Ivamilson Barbalho.

Além do lançamento, haverá uma exposição de algumas das obras do professor Sávio publicadas pela Edufal nas últimas décadas. O evento em homenagem a um dos autores mais vendidos da editora conta, ainda, com momentos artísticos e culturais, um pocket show de Irina Costa e apresentações das peças Zelodaro Come Pano, com montagem do grupo Cena Livre, e Farinhada, do grupo Joana Cajuru. Os textos são de Sávio e a comemoração é de todos.

“É como um grande encontro de aniversário, mas também de afirmação de parcerias. Para a Edufal é uma satisfação imensa tê-lo como um autor que fortalece a identidade da nossa editora”, ressaltou Ivamilson, adiantando que o evento batizado como Tapioca do Sávio, promete a alegria e a animação que o professor transmite.

Resgate do homem e da obra

Tão sábio quanto modesto e tão alegre quanto ferozmente defensor de minorias. Luiz Sávio de Almeida é facilmente adjetivado por conhecedores das suas obras ou amigos íntimos. Os registros em livros que ele já deixou como arquivos históricos de Alagoas montam um acervo, mas é a pessoa do Sávio que deixa as mais importantes marcas para quem tem algum tipo de troca com ele.

“Conheci o professor quando ainda era graduanda de Comunicação Social da Ufal. Desde então, essa amizade só cresceu e se solidificou. Recolho essa lembrança antiga para destacar uma qualidade que considero essencial num professor pesquisador universitário e da qual, certamente, o professor Sávio é um detentor: capacidade para reunir em torno dele jovens pesquisadores de áreas diversas, generosidade no compartilhamento de informações, empatia e acolhimento na escuta de interesses de pesquisa e aposta em jovens talentos - valores caros à prática da formação universitária”, evidenciou a professora do Instituto de Ciências Sociais, Raquel Rocha.

É também uma lembrança do período de academia que a professora Stela Lameira destaca: “Quando lembro de Sávio, vem-me à mente uma foto que nunca fiz: a daquele homem sentado em uma ‘pracinha’ do antigo CHLA [hoje Ichca], na Ufal, às vezes, sozinho, às vezes, ‘arrodeado’, ou à espera de colegas e amigos como quem partilhasse de um parlatório – esse é um quadro vivo em minha memória e que eu situo como o lugar de encontro entre o intelectual e o homem em sua ‘escutatória’ – para mim, a ‘pracinha de Sávio’”, recordou a ex-diretora da Edufal.

“Tenho a alegria de conviver com sua generosidade intelectual, perceber a humanidade em meio às ideias que fervilham e que intimam a participar. Porque quando o telefone toca – não manda mensagens – já sei que mais uma missão irrecusável do professor Sávio chegou!”, brinca a Lídia Ramires, que também esteve no comando da editora e pôde estreitar o contato com o historiador.

Com dezenas de obras publicadas pela Edufal, o professor Sávio encontra na equipe muito mais que profissionais para colaborar com seus escritos. Muitos são leitores por afinidade e apreciadores por entusiasmo.

“O professor Sávio, além de ser esse intelectual de renome e um pesquisador que sempre traz relevantes contribuições para a sociedade, é um ser humano afetuoso, simples e atencioso que leva alegria por onde passa”, destacou a gerente da Edufal, Diva Lessa.

“É um querido e importante intelectual alagoano! Sua pesquisa contribui grandemente para formação da história e da cultura de Alagoas! Com sua postura peculiar em defesa dos mais pobres e que se reflete nas tantas páginas que acompanhei – e acompanho – para ser publicada na Edufal”, completou a coordenadora editorial Fernanda Lins.

Aquele homem que sentava na pracinha do antigo CHLA já ouviu e foi admirado por muita gente ao longo dos seus 80 anos. E, até hoje, preserva o que a professora Stela descreve que ele tem para estar rodeado de quem sempre quer ouvi-lo: “intelectualidade e amorosidade, com ares de leveza e acolhimento”.