Mário e Simoni, um casal que tem a química no amor e no trabalho

Em clima de Dia dos Namorados, conheça mais sobre a história dos docentes que escolheram a Ufal para seguir carreira
Por Manuella Soares - jornalista
09/06/2021 09h29 - Atualizado em 09/06/2021 às 16h31

Na Química eles encontraram a parceria. Do Rio Grande do Sul, foram buscar conhecimentos e mais títulos na França e na Alemanha e depois desembarcaram na Ufal com muita vontade de fazer história. Mario Meneghetti chegou primeiro, em 2002, e logo convenceu Simoni de que Maceió seria o lugar que os abraçaria. Por essa escolha, eles começaram uma trajetória na Universidade Federal de Alagoas e hoje estão no quadro Minha História na Ufal, especial Dia dos Namorados.

“Após decidirmos morar no Nordeste, eu morei dois anos em Salvador trabalhando numa indústria do Polo Petroquímico de Camaçari, num período em que Mario já estava na Ufal. Após esse tempo, conhecendo os dois estados, optamos por nos instalar definitivamente em Alagoas e o natural, para mim, foi procurar uma oportunidade na Ufal”, contou a professora Simoni Meneghetti.

Os dois são docentes do Instituto de Química e Biotecnologia (IQB) e responsáveis por muitos capítulos da História da Ufal, desde que decidiram contribuir com o crescimento da Instituição. O professor Mario Meneghetti é um dos mais novos bolsistas de Produtividade em Pesquisa do CNPq, somando-se a um seleto grupo da Ufal. Com cerca de 80 artigos publicados e mais de 1,5 mil citações, ele coleciona prêmios e honrarias, a exemplo do 1º lugar no Prêmio Nacional de Pós-graduação Braskem-ABEQ, categoria mestrado. Feito conquistado ao lado da esposa.

Simoni também carrega no currículo vários reconhecimentos que enaltecem sua carreira, como o Prêmio Finep Inovação Tecnológica, etapa Nordeste. Mas um, em especial, no ano de 2019, foi entregue pelas mãos do marido, durante um evento regional sediado na Ufal.

A cerimônia de premiação contou com uma homenagem preparada por Mario. ‘‘Foi gratificante procurar as fotos antigas desde quando ela era pequena e contactar pessoas que me mandaram algumas informações. Acredito que ela gostou bastante, como eu também gostei de ter participado’’, lembrou Mario, sobre o dia que entregou à Simoni o Prêmio Roberto Alves de Lima, concedido todos os anos a um professor destaque entre os programas de pós-graduação em Química e Biotecnologia do Nordeste.

“Acredito ser uma lembrança muito boa para nós dois. Uma lembrança muito emocionante”, emendou a homenageada.

Relação de hierarquia e amor

A história dos dois começa numa relação de admiração entre aluna e professor, mas logo se transforma num amor entre livros, Europa, docência e muitos projetos.

“Nos conhecemos na UFRGS [Universidade Federal do Rio Grande do Sul], eu como aluna de um curso de nivelamento para entrar no mestrado e Mario, já um pós-graduando na época, ministrando curso nesse nivelamento. Dois anos após termos nos conhecido, namoramos, noivamos e casamos no tempo recorde de nove meses”, brincou Simoni.

Até chegar à Ufal foi um caminho de muita dedicação aos estudos. E depois de instalados, o empenho só aumentou... O casal Meneghetti é referência na área de sistemas catalíticos aplicados à oleoquímica, a exemplo de biodiesel, insumos e materiais a partir de óleos vegetais; conversão de biomassa e polimerização de olefinas.

Aquela aluna do nivelamento aprendeu tanto que foi a fundo nas ideias para pôr em prática. Mario foi coordenado por Simoni em nove projetos, dos 25 que ela já encabeçou desde que chegou à Ufal. Eles integram juntos outros oito projetos, cada um contribuindo em sua área de pesquisa. Em 2018 Simoni iniciou a coordenação de um projeto de extensão intitulado Meninas na biorrefinaria e o professor Mario também participa como integrante.

A parceria é estendida nas dezenas de artigos publicados, onde o sobrenome Meneghetti aparece duas vezes em 55 dos 95 trabalhos registrados na plataforma Lattes.

Eles também participaram de vários eventos, congressos e trabalhos técnicos em parceria. Estiveram lado a lado em bancas de mestrado e teses, qualificações, TCCs e outras avaliações, além de assinarem juntos três patentes entre 2009 e 2014.

Para o currículo completo em casal, falta apenas publicar um livro. Eles têm produções bibliográficas publicadas apenas com outros colegas docentes, mas não descartam a ideia, já que a relação de trabalho entre marido e mulher é uma experiência que Simoni descreve como ‘tranquila e harmônica’: “Nos completamos na vida pessoal e profissional. Apesar dos temperamentos diferentes, temos os mesmos valores, o que facilita muito a vivência”.

Construindo um amor pela Ufal

O tempo para pesquisas científicas e trabalhos acadêmicos preenche parte da vida do casal, mas no percurso traçado dentro da Ufal ainda teve espaço para abraçar causas institucionais. Eles assumiram diferentes cargos de gestão e focaram boa parte dos esforços para semear resultados duradouros.

Simoni foi coordenadora do Programa de Pós-graduação em Química e Biotecnologia (PPGQB) de 2006 a 2008, e no período de 2011 a 2015 ocupou o cargo de pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação, na Propep. “Trabalhar com pós-graduação, pesquisa e inovação é muito gratificante e tenho muita identificação com essas áreas. O desafio foi sempre a busca para realizar um trabalho transparente e com isonomia”, ressaltou.

Desse período ela cita com orgulho o desafio de ter participado da elaboração e implantação do Programa de Qualidade e Excelência (PEXPG), que realiza ações voltadas para a consolidação das atividades de pesquisa e pós-graduação da Ufal, tendo como premissa norteadora a ‘qualidade em busca da excelência’.

A partir do programa também são desenvolvidas políticas de melhorias em infraestrutura; recursos humanos; manutenção de equipamentos; incentivo à qualificação das revistas científicas; internacionalização das pós-graduações; divulgação de fontes de financiamento à pesquisa; além de prêmios para teses e dissertações de mérito científico e ciclo de conferências magnas.

Enquanto ela atuava na pró-reitoria, o marido dava o apoio necessário na direção do IQB para unir forças e alavancar o nome da Ufal. “Como maiores orgulhos cito a idealização e o encabeçamento da criação, em nível de graduação, do curso de Química Tecnológica e Industrial, bem como, ter aprovado, participado e encabeçado projetos institucionais que levaram ao crescimento em termos de infraestrutura do IQB, tanto em termos de equipamentos quanto de laboratórios”, lembrou Mario, enfatizando que sua história na Ufal é marcada por muitos sentimentos:

“Acho que fiz um bom trabalho, errei, acertei, ganhei, perdi. De fato, busquei e busco fazer o meu trabalho como professor e pesquisador da Ufal, formar bons profissionais e gerar conhecimento. Mesmo passando por este período de pandemia e de descaso com a ciência e desmonte da universidade pública, estamos produzindo conhecimento, ensinando, aprendendo e se adaptando, e o mais importante, lutando contra o obscurantismo”.

A química que eles precisam

Dormir, acordar e trabalhar com a mesma pessoa não tem sido monótono para Mario e Simoni. Viagens a trabalho juntos já deram o mesmo prazer que férias em casal. Passar horas num laboratório ou debruçados em teorias podem ter o mesmo sentido que os planos de uma vida a dois. Eles não cansam.

“Somos parceiros na vida e nos projetos profissionais há 25 anos. Me sinto da mesma forma como no primeiro ano de convivência com o Mario, pois a gente ri muito junto, enfrenta os desafios juntos e tudo segue o caminho natural”, disse Simoni, transbordando amor.

Mario também compartilha desse sentimento, enxergando as diferenças como soma. E com palavras afetuosas, faz-se entender o tanto que a Ufal ganha com essa união: “A Simoni é minha grande parceira, ela é minha esposa, colega, amiga e eterna namorada. Profissionalmente, trabalhamos muito bem juntos, pois temos os mesmos princípios éticos, ainda que sejamos diferentes na maneira de trabalhar, o que é muito bom, pois nos complementamos. Acho que sabemos pegar o melhor de cada um”.