Professora Josy Ferrare e sua vida dedicada ao patrimônio histórico e cultural

Ela é a homenageada da semana no quadro Minha História na Ufal
Por Izadora García – relações públicas
21/05/2021 21h47 - Atualizado em 24/05/2021 às 10h15

A professora Josemary Omena Passos Ferrare, conhecida por seus alunos e colegas como Josy, é uma das grandes representantes da Faculdade de Arquitetura da Ufal. Dedicou 38 anos de sua carreira ao ensino público e a mudar vidas de jovens com quem compartilhava o mesmo sonho: a arquitetura. Com sua dedicação e generosidade, foi capaz de ajudar na consolidação da Faculdade de Arquitetura e é uma peça marcante nos 60 anos de história da Universidade Federal de Alagoas.

O primeiro contato com a Ufal veio antes da descoberta da vocação. A docente iniciou os estudos no curso de Geografia, em 1973. Mas o destino tinha reservado para ela a construção de uma história diferente. Com a abertura do curso de Arquitetura e Urbanismo, em 74, Josy prestou vestibular novamente e foi parte integrante da primeira turma de arquitetos formados no estado de Alagoas.

Tenho um orgulho muito grande de ter feito parte dessa turma”, relembrou. “A criação do curso de Arquitetura e Urbanismo, em 1974, me fez realizar o sonho de ser arquiteta, o que antes só era possível aos que podiam se deslocar para cursar em capitais mais próximas como Recife ou Salvador”, complementou.

E a realização deste sonho aconteceu ao lado de uma das grandes referências em arquitetura para o estado de Alagoas e para o Brasil: Zélia de Melo Maia Nobre, a dama do traço elegante, doutora honoris causa da Ufal e criadora do curso na instituição. Dois anos depois de concluir a graduação, Josy ingressou como docente do corpo efetivo da Universidade, onde permaneceu ensinando por 38 anos, quando se aposentou.

Neste período, foi mentora de inúmeros alunos, sempre incentivando o gosto pela pesquisa científica e pelo patrimônio histórico e cultural de Alagoas. “Josy foi pioneira nessas atividades de educação patrimonial. Sempre ensinou de uma forma muito generosa. Ela não é uma pessoa que economiza informações: ela passa livros, passa contatos, passa horas conversando sobre os assuntos”, explicou a docente e amiga Adriana Capretz.

Mas, para além dos aprendizados sobre docência e arquitetura, todos os que conhecem e convivem com Josy também descobrem muito sobre como manter bons relacionamentos interpessoais. “É muito difícil encontrar alguém que fale ‘eu gosto da Josy, ela é uma boa colega, porém...’. Esse ‘porém’ não vai existir, ela é uma daquelas raras pessoas que conseguem ser unanimidade. A Josy consegue ser uma professora competente, extraordinária, apaixonada. É uma pessoa muito rara e eu tento aprender com ela. Minha referência na FAU, não só pela competência, mas também pela pessoa afetiva, generosa, carinhosa, simpática, bondosa e amiga de verdade”, complementou Capretz.

É difícil resumir as tantas atividades desempenhadas pela docente em sua vasta experiência profissional. Rodou o mundo, dedicando-se ao aprendizado do restauro e da conservação de patrimônio histórico e cultural. Josy é especialista em Restauração de Monumentos e Centros Históricos pelo Centro Studi per il Restauro dei Monumenti e Centri Storici / Collegio degli Ingegneri della Toscana, e doutora em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto.

Melhor projeto

A docente é uma referência na preservação de patrimônio histórico e cultural e tem ajudado a Universidade em projetos que reforçam esse viés. Em 2000, foi uma das responsáveis pelo projeto de restauração do Museu de Antropologia e Folclore Théo Brandão, atividade que recebeu o Prêmio Rodrigo de Melo Franco, em 2003, do Iphan, na categoria de melhor Projeto de Bens Imóveis.

Sua paixão pelo ensino e arquitetura inspirou os estudantes de quem se aproximou por meio de projetos de extensão como o Representações do Lugar (Relu) e dos grupos de pesquisa que liderou. Josy está presente no currículo e nas memórias dos melhores arquitetos e urbanistas do estado de Alagoas. Uma de suas pupilas faz parte do quadro de servidores da Ufal, empreendendo os conhecimentos adquiridos com sua mestra no crescimento e desenvolvimento da própria Universidade.

“A professora Josy é esta mulher forte, professora generosa e determinada, que sempre busca a perfeição em tudo que faz. Seus anos dedicados ao patrimônio cultural alagoano inspiraram não só a mim, mas a uma geração de arquitetos e urbanistas que trabalham na área”, afirmou Cynthia Fortes, arquiteta da Ufal, lotada no Museu Théo Brandão. 

Josy tem repertório para apontar diversos momentos marcantes de sua carreira na Universidade, mas destaca o acordo de cooperação técnica entre a Ufal e o Dipartimento delle Culture Europee e del Mediterraneo: Architettura, Ambiente, Patrimoni Culturali (Dicem/Unibas) que ajudou a firmar e acompanha até hoje. A partir dele foram pesquisadas as similaridades entre o artesanato dos dois países, com o projeto (Re)bordando o bico Singeleza.

Quando perguntada sobre os planos que tem para o futuro, a docente aposentada, que atua como voluntária no Programa de Pós-graduação da FAU, fala em participar de alguns projetos de extensão. “Por exemplo, alguns conduzidos pelo grupo de pesquisa Relu, como os atuais Projetos de Restauro em curso para o Museu Theo Brandão, a antiga Faculdade de Medicina e o Espaço Cultural e Pinacoteca, prédios que tive uma relação ativa de pesquisa no tocante ao histórico e estilo arquitetônico e me motivam a querer contribuir com os respectivos projetos”, revelou.

Em suas horas vagas, dedica-se à família, principalmente ao cuidado e ao amor pelos netos Túlio e Liz, além de apreciar uma boa leitura. “Também, gosto de pensar roteiros para viagens de modo a torná-las bem interessantes já no seu planejamento, sempre buscando incluir algumas opções de cidade antiga no trajeto escolhido. Gosto muito de andar a pé, bem devagar, apreciando ruas, monumentos, feiras normais e de antiguidades, em cidades antigas. Atividade que gostaria de poder estar fazendo no momento não fosse a pandemia. Os amigos sempre falam que quando viajam e visitam cidades históricas ou visitam prédios restaurados, sempre lembram de mim”, finalizou.