IQB ganha três novos professores titulares

Ruth Rufino, Mariano Alves e Josealdo Tonholo apresentaram seus memoriais acadêmicos

03/09/2015 17h26 - Atualizado em 04/09/2015 às 09h03
Intergrantes e os três docentes avaliados: Mariano (3º da esquerda para a direita), Ruth e Tonholo

Intergrantes e os três docentes avaliados: Mariano (3º da esquerda para a direita), Ruth e Tonholo

Jhonathan Pino - jornalista

O Instituto de Química e Biotecnologia (IQB) realizou uma atividade, até então, inédita na Universidade Federal de Alagoas (Ufal): a promoção simultânea de três docentes para a Classe E – Professor Titular. Ruth Rufino Nascimento, Mariano Alves Pereira e Josealdo Tonholo defenderam memorial acadêmico na última sexta-feira (28).

Os três foram avaliados por uma banca externa, composta por professores de universidades federais de três estados diferentes. Da Paraíba, veio Isac Almeida de Medeiros (UFPB); do Rio Grande do Norte, Djalma Ribeiro da Silva (UFRN), e do Ceará, Maria Tereza Salles Trevisan (UFC). Na ocasião, eles puderam ouvir histórias de vidas bem distintas, já que a defesa do memorial acadêmico inclui as trajetórias pessoais dos avaliados.

A primeira a contar a sua foi Ruth Rufino. Docente do Instituto desde 1999, ela relatou sua trajetória humilde até chegar a graduação de licenciatura em Química, na Ufal, estimulada pelo professor Roberto de Almeida Nobre, do atual Instituto Federal de Alagoas (Ifal). Ruth lembrou que teve o prazer de estudar e fazer pesquisas com o reitor Eurico Lôbo e o professor Antônio Euzébio Goulart. Para ela, foram eles que deram maior força para que continuasse na vida acadêmica. “O professor Eurico foi um dos responsáveis por me manter dentro do IQB. Todas as vezes que eu recebia convites para trabalhar na indústria, ele, que sabia da minha origem humilde, pedia para eu ter calma, para que eu não me dispersasse nos estudos”, recordou.

Na área acadêmica, a docente lembrou os bons e maus momentos desde o seu doutorado na Keele University, na Inglaterra, quando conheceu seu orientador, Eric David Morgan, e outros tantos pesquisadores que a auxiliariam em investigações no Brasil e na República Tcheca, onde fez o pós-doutoramento. Ela também ressaltou os momentos em que foi impedida de continuar as investigações planejadas na Europa, por culpa da burocracia no país tupiniquim.

Durante a apresentação, os perrengues foram deixados de lado diante de um currículo que já acumula seis prêmios acadêmicos; 16 projetos coordenados; 65 alunos orientados, da graduação ao pós-doutorado, e o depósito de três patentes nos últimos quatro anos. Parte dessa história, Ruth pôde dividir com o seu colega Mariano Alves, docente da Ufal desde 1983.

Da afetividade familiar para o mundo acadêmico

A formação inteira na Universidade de São Paulo (USP) pode até enganar as origens de Mariano, que é cearense de Crato, mas foram de suas lembranças de juventude que o professor ocupou a maior parte da apresentação do seu memorial. O docente levou inúmeras fotos da família em horas de lazer, na região do Cariri, mostrou sua admiração pela música, falou do sonho de seu pai em vê-lo engenheiro e de sua admiração pelos quatro descendentes. Por outro lado, Mariano não deixou de lado as experiências somadas ao longo de mais de três décadas na Ufal, transformadas em causos.

“Como na pesquisa eu não estava muito bom, resolvi me dedicar à sala de aula e tentei dar a todos os conceitos de físico-química de uma forma prática”, relatou o orientador de mais de 20 trabalhos de conclusão de curso e dissertações.

Mariano chamou a atenção dos membros da banca por sua espontaneidade na apresentação. Maria Tereza classificou de “distinta, diferente e bonita”, a trajetória do docente. “Parece que você nasceu professor ao unir as artes e a química. Você é um verdadeiro artista”, sentenciou a docente da UFC.

O foco multidisciplinar

Josealdo Tonholo foi o responsável por encerrar o longo dia de apresentações. O paulista apresentou sua formação, feita quase exclusivamente em seu estado de origem, e relatou que também foi por lá que começou a lecionar, na mesma instituição em que se pós-graduou, a USP. No entanto, foi na Ufal que ele pôde se tornar um dos professores mais respeitados da instituição.

Para se ter uma ideia de sua trajetória acadêmica, são ao menos 142 orientações, entre projetos de pesquisas até pós-doutorados; a colaboração em seis programas de pós-graduação, quatro deles na Ufal, um na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e outro na Universidade de Lisboa.

Outros números expressavam o êxito de Tonholo na Academia, como as 11 patentes depositadas; a publicação de 49 artigos em revistas científicas e a participação em 28 bancas de doutorado. Somado a isso, sua atuação multidisciplinar no ensino, na pesquisa e na gestão da Ufal, como seu papel decisivo na criação da Incubadora de Alagoas (Incubal) e de pós-graduações com foco na inovação tecnológica e no empreendedorismo.

Todos os três professores tiveram seus memoriais aprovados e agora pertencem à Classe E. Para chegar a esse estágio, eles tiveram que possuir o título de doutor, cumprir os 24 meses de interstício na Classe D, além de serem aprovados na avaliação de desempenho.