Além da Academia: Professor tem coleção com mais de 200 espécies de orquídeas

Wilson Porto diz como seu amor pela natureza, em especial por flores, o ajudou a passar por um difícil momento de sua vida

11/08/2015 16h50 - Atualizado em 11/08/2015 às 16h54
Wilson Porto diz como seu amor pelas flores o ajudou a passar por um difícil momento de sua vida (Foto: Jônatas Medeiros / Ascom Ufal)

Wilson Porto diz como seu amor pelas flores o ajudou a passar por um difícil momento de sua vida (Foto: Jônatas Medeiros / Ascom Ufal)

Rosiane Martins – estudante de Jornalismo

“Lecionando aprendi a lidar com jovens. A juventude traz vida, alegria, hoje me sinto pai desses meninos, somos uma família, eu gosto de estar com eles." É com essa frase que Wilson Porto resume sua jornada profissional. Aos 54 anos de idade, o docente está há seis no curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), mas só veio a descobrir que lecionar era uma de suas grandes paixões quando estava com 40 anos e começou a ensinar numa faculdade particular.

Para muitos pode parecer tardio, mas para Wilson foi no tempo certo, na hora que tinha que ser, num desses momentos que a vida exige recomeços, algo que, muitas vezes, torna-se necessário. E, disso ele entende muito bem. O professor interessou-se por dar aulas após abraçar com gosto uma oportunidade. Em paralelo à docência, Wilson sempre trabalhou com extensão rural e desde o início da carreira - ele também é Engenheiro Agrônomo - sempre lidou com plantas e animais, pois este é um hobby que sempre lhe acompanhou e por gostar tanto, em especial de orquídeas, as cultivava em sua casa.

Mas foi em 2011, depois de viver uma fatalidade do destino, que o professor passou a se interessar ainda mais pelas flores e fazer coleção. Naquele ano, ao perder sua sobrinha em um acidente de carro - uma jovem a quem ele tinha como filha - viveu um daqueles momentos em que a vida parece estar 'pesada' e injusta demais, onde tudo parece perder o sentido... E ele precisou se reerguer, tendo, mais uma vez, que recomeçar. “Comecei a fazer terapia e o profissional que me acompanhava orientou-me a mexer com plantas, algo que eu já fazia, mas a partir de então, minha dedicação passou a ser maior, em especial com as orquídeas que eu já era apaixonado. No início tinha dez plantas, hoje são mais de 200, de algumas espécies como phalaenopsis e vandas”, destaca.

Wilson Porto começou a ler e aprender mais sobre adubação, coleciona suas plantas num jardim em sua fazenda em Coruripe e fala o porquê de as orquídeas lhe encantarem tanto. “A planta em si não tem beleza, mas a cada florada se transforma, fica linda, um verdadeiro milagre. É como se por meio dela eu estivesse mais perto da minha sobrinha. Transformei a saudade nesse vício para estar, de alguma forma, próximo dela”, diz, emocionado. 

Além de orquídeas ele também cultiva outras espécies de plantas: rosas, trepadeiras, palmeiras, samambaias, fruteiras, gramas, ao todo são 50 tipos. “O silêncio da planta fala por meio do fruto e, dessa forma, ela vai nos ajudando. Às vezes acordo muito pensativo, com saudade, chego no jardim e logo tenho forças e vontade de fazer mais. As plantas atraem pássaros, borboletas, beija-flores, é um show de beleza e de cores, sou um privilegiado”, ressalta.

De fato, a natureza está ligada diretamente a qualidade de vida. Faz bem para a saúde, alma e coração. E Wilson nos mostrou que as flores, em especial, as orquídeas, além de nos encantar com sua beleza, também nos ensinam o quanto é importante termos dedicação e amor à vida. A planta só reproduz e floresce quando é tratada com delicadeza, cuidado e carinho, aí ela devolve a gentileza e nos toca com seu perfume e suas cores e, com certeza, Wilson entendeu a mensagem. Depois de perder a sobrinha, ele não podia perder também a vontade de viver e de ser feliz e esta felicidade veio quando ele passou a cultivar sentimentos, sonhos naquele momento em que o caminho parecia mais difícil e sem luz.