Professor da Feac ministra oficinas e palestras no Fórum Social Mundial

Capitalismo, Crise Sistêmica e Desigualdades foram assuntos levantados pelo docente


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Fábio Guedes também teve trabalhos aprovados para o 15º Encontro de Economia Mundial

Redação Ascom

Capital da Tunísia, Túnis é uma cidade com mais de 1 milhão de habitantes e o berço da revolução árabe. O local foi o destino do professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (Feac), Fábio Guedes, que ministrou a oficina Paz só com Justiça Social: os dilemas da sociedade contemporânea e a busca da paz, no Fórum Social Mundial, no fim de março. O docente também fez o lançamento do livro O Livre Pensamento nos Fóruns Sociais: teoria social crítica e economia política contemporânea, produzido em parceria com o psicólogo Álvaro Gomes e o sociólogo Gey Espinheira.

O lema de todas as edições do Fórum é “Um Outro Mundo é Possível”. Neste ano, em particular, a temática escolhida, dignidade, não poderia ser melhor para um País que iniciou a primavera árabe, em 2010. Zine El-Albidine Ben Ali governou a Tunísia por duas décadas e foi deposto após forte movimento social e político na África Subsaariana, que culminou na queda de outros governos ditatoriais, como no Egito e na Líbia. Na Síria, os conflitos continuam.

As discussões propostas pelo evento se contrapõem ao Fórum Econômico Mundial de Davos, que reúne anualmente líderes empresariais e políticos, na Suíça. “O Fórum Social compreende que a humanidade não pode assistir, passivamente, ao processo de expansão do modo de produção capitalista intensiva e com grandes repercussões sobre o meio ambiente e o homem, como crises econômicas e desastres ambientais. O modelo atual está na busca incessante pela valorização da riqueza e pela acumulação da mesma por poucos privilegiados. Por isso, o Fórum Social tenta ser uma voz crítica, que ecoa em nome da sociedade mundial que sofre intensamente as consequências do sistema de produção”, salienta Guedes.

Conselheiro executivo do Instituto de Estudo e Ação pela Paz com Justiça Social (Iapaz), Fábio Guedes já participou de outras edições do evento ao lado da entidade. O Iapaz, organização não-governamental, atua sem financiamento público e tem como objetivo a realização de estudos e ações contra a violência em Salvador, na Bahia. Atualmente, o instituto abrange assuntos como direitos do consumidor e cidadania jurídica. Além disso, mantém parcerias com agremiações de trabalhadores, como os sindicatos dos Bancários e dos Metalúrgicos, para os quais promove cursos profissionalizantes e de capacitação.

Em 2013, o grupo brasileiro dá continuidade aos projetos e coloca o Brasil no cenário de reflexão global. “O instituto já participou de todos os Fóruns Social Mundial e Social das Américas. O objetivo é promover oficinas e debates com o lema de que só é possível avançarmos para uma sociedade mais harmônica e menos violenta se a justiça social for ampliada. Em todas as edições do evento, o Iapaz convida especialistas que preparam textos e análises para as oficinas”, explica o professor.

Na Tunísia, Fábio Guedes ministrou a oficina Paz só com Justiça Social: os dilemas da sociedade contemporânea e a busca da paz e apresentou palestra sobre Capitalismo, Crise Sistêmica e Desigualdades. Participaram das atividades estudantes, pesquisadores e ativistas políticos da França, Itália, Alemanha e do Brasil.

Durante o Fórum Social, o professor também lançou o livro O Livre Pensamento nos Fóruns Sociais: teoria social crítica e economia política contemporânea, na La Maison de Brésil – A Casa do Brasil –, espaço promovido pelo Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES). A bibliografia engloba assuntos como capitalismo, subdesenvolvimento, periferia, políticas neoliberais, economia política venezuelana e socialização da riqueza.

Participação no 15º Encontro de Economia Mundial

Depois da passagem pelo Fórum Social Mundial, o professor da Feac se prepara para o 15º Encontro de Economia Mundial, a ser realizado na cidade de Santander, na Espanha, entre os dias 5 e 7 de junho. Fábio Guedes teve os trabalhos A Crise, o Estado e os Equívocos da Administração Política do Capitalismo Contemporâneo – escrito em parceria com pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (Ufba) – e Capitalismo, Crise Sistêmica e Desigualdades aprovados para o evento.

Para o docente, os estudos revelam como a periferia brasileira pode gerar trabalhos importantes para as Ciências Econômicas. “Os dois trabalhos refletem nosso esforço coletivo para a pesquisa no Mestrado em Economia da Feac. Eles traduzem a experiência de ministrar, por vários anos, disciplinas como Economia Política Internacional, Economia Brasileira e Economia do Desenvolvimento, tanto na graduação como na pós. Por isso, a aprovação de dois trabalhos completos em evento desse porte é um reconhecimento de que da periferia brasileira é possível se fazer ciência no campo da Economia, com seus resultados sendo internacionalizados. Isso é extraordinário para nossa instituição e pós-graduação”, reflete.

Em Capitalismo, Crise Sistêmica e Desigualdades, o pesquisador destaca que a crise econômica ocorrida nos EUA, entre 2007 e 2008, afetou consideravelmente o desempenho da União Europeia, principalmente dos países da Zona do Euro, e provocou a crise das dívidas soberanas, como assim ficou conhecida. As consequências, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, do aprofundamento da crise do capitalismo contemporâneo é a explosão do desemprego, do crescimento das desigualdades econômicas e dos retrocessos na garantia aos direitos sociais.

O trabalho também explica que na América Latina a situação foi diferente. “Na América do Sul, ao contrário, as formas de enfrentamento às crises e a luta contra políticas neoliberais, somado ao bom desempenho da economia mundial entre os anos 2003 e 2008, permitiram aos países da região um salto em termos de amenização das desigualdades sociais e em melhorias na situação econômica dos mais desvalidos”, revela Guedes.

Já em A Crise, o Estado e os Equívocos da Administração Política do Capitalismo Contemporâneo, questiona-se a maneira como se busca uma saída política da crise europeia e os equívocos interpretativos sobre o papel do Estado, nessa nova configuração do capitalismo do final do século XX e início do XXI.