Docente do ICBS deixa a Ufal em busca de novas vivências

Reiki, danças circulares e tai chi chuan são algumas atividades praticadas por Bernardo Lucena


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Bernardo Lucena se aposenta com disposição de continuar sua busca por práticas integradoras

Jhonathan Pino - jornalista

Foi em uma aula de danças circulares que conhecemos o nosso aposentado do mês de maio. Bernardo Lucena Neto deixou a Ufal no último dia 4, praticando um dos seus grandes interesses: a busca pela integração entre corpo e alma, por meio de práticas integradoras. Professor do Instituto de Ciências Biológicas e Saúde (ICBS), ele defende que essas práticas são facilitadoras para o melhor desempenho do paciente no tratamento de doenças.

"Tanto o cuidador quanto quem é cuidado [paciente] têm a necessidade de serem reconhecidos como ‘gente’ e, nas práticas integradoras, os pacientes percebem que não estão sendo tratados como ‘pedaços de carne’. Não se pode esquecer, nunca, que o ser humano é feito de corpo e espírito e que se sente mais respeitado quando esses dois lados são levados em conta", ressalta Bernardo.

A preocupação com integração desses dois elementos vem da prática do dia a dia nas comunidades e da observação nas salas de aulas onde lecionou a disciplina Anatomia Humana, desde 1980. Bernardo diz que os alunos estão cada vez mais preocupados com as notas e não percebem que, além do conhecimento teórico-prático obtido nas salas de aulas, é o conhecimento obtido nas vivências práticas, com humildade e responsabilidade, que irá torná-los bons profissionais.

"A grande parte deles vem de colégios particulares e cursinhos, que estão mais preocupados em estampar nos jornais as maiores médias do vestibular. O aluno é então condicionado a decorar o assunto e não compreendê-lo. Na universidade, quando eles tiram um 7 ou mesmo um 6, ou vão para a avaliação final, parecem estar passando por uma tortura, sem perceber que é apenas uma etapa de aprendizagem", relatou o docente.

Conforme Bernardo, isso também é refletido na qualidade do ensino. Ele ressalta que a busca por títulos para exercer a docência acaba desvinculando muitos pesquisadores da realidade, e a necessidade de evoluírem nas pesquisas para serem reconhecidos no meio acadêmico, faz com que muitos professores se "afastem um pouco" de um dos pilares da universidade: o ensino. "É necessário identificar bons alunos, transformá-los em monitores e desenvolver o potencial deles como professores e excelentes profissionais", ressaltou.

Práticas integrativas

Na busca por novas vivências que auxiliem sua vida pessoal e profissional, o professor pratica artes marciais, como o tai chi chuan, e teve a oportunidade de participar, no seu último ano da Ufal, do curso de reiki e de uma aula de danças circulares, promovido gratuitamente pelo Movimento Popular em Saúde de Alagoas (Mops), que faz parte do Núcleo de Saúde Pública (Nusp) da Faculdade de Medicina.

Sua formação é em Odontologia, por isso, na aposentadoria, ele pretende continuar suas práticas integrativas e fazer atendimentos odontológicos em comunidades carentes. Com seu filho e mais três ex-alunos, Bernardo faz atendimento de forma voluntária em instalações mantidas por igrejas e centros comunitários.

"É necessário que procuremos ver o paciente como ser integral e não 'enxergar' apenas a doença, ou uma parte do seu corpo. Percebemos que o indivíduo está evoluindo tecnologicamente a cada dia, mas estacionou enquanto ser humano e a partir dessas práticas é que poderemos fazê-los evoluir enquanto pessoas por completo", defendeu Bernardo.