Grupequi Ufal integra ações para cuidar de jumentos abandonados na Bahia

Grupo de Pesquisa realizará atividades e estudos em conjunto com ONGs de apoio aos animais
Por Pedro Ivon – estagiário de Jornalismo
28/05/2019 16h14 - Atualizado em 28/05/2019 às 17h53
Equipe Grupequi durante atividades no estado da Bahia

Equipe Grupequi durante atividades no estado da Bahia

O Grupo de Pesquisa e Extensão em Equídeos (Grupequi) do curso de Medicina Veterinária da Ufal, vinculado à Unidade Educacional de Viçosa, passou a integrar um projeto para planejar ações que garantam a sanidade dos jumentos abandonados, após o fechamento de um frigorífico no estado da Bahia.

Da família dos equinos, os jumentos são animais que a sociedade, de forma geral, não pensa em seu cotidiano, porém eles passam por uma realidade que pode torná-los extintos no país dentro de um período de quatro a seis anos.

Não tendo uma cadeia de produção organizada, como a dos bovinos, suínos, caprinos e outros, os jumentos são abatidos com o objetivo de terem a pele utilizada para produção do ejiao, um produto de ampla utilização na área de saúde oriental, principalmente na China. Essa atividade extrativista acaba causando prejuízos, como o risco da sanidade dos equídeos e do seu patrimônio genético, que foi selecionado nas condições do Nordeste brasileiro.

Nessa realidade, mais de 100 mil jumentos foram para abate em três anos no estado da Bahia, numa cooperação do estado baiano com a China. Entre eles também não há nenhum padrão de idade, havendo em meio dos animais abatidos: idosos, potros e fêmeas gestantes. Em novembro de 2018, ocorreu o fechamento do frigorífico de Itapetinga pelo Ministério Público, por constatação de maus tratos e falta de controle sanitário.

Uma propriedade em Canudos, Bahia, onde ficavam animais que iriam para o abate, acumulou cerca de 1200 animais com doenças infectocontagiosas como Mormo e outras que atingiam seu metabolismo. Essas doenças levaram a morte mais de 700 animais.

A partir de fevereiro de 2019, o Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal assumiu os animais na condição de fiel depositário. Buscando uma resolução do problema de forma interinstitucional, nos dias 11 e 12 de março, foi realizado um workshop em prol dos jumentos na cidade de Euclides da Cunha, liderado pelo Centro de Estudos Comparativos em Saúde, Sustentabilidade e Bem-Estar Animal da Universidade de São Paulo e a ONG inglesa The Donkey Sanctuary, a mais influente do mundo na área.

Na ocasião, o Grupo de Pesquisa e Extensão em Equídeos (Grupequi) da Ufal, em parceria com a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e a Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa), passou a integrar o projeto para planejar ações garantindo a sanidade desses animais.

A partir da reunião, desenvolveu-se um plano de pesquisa e ação para promover a sanidade dos jumentos sob vulnerabilidade em Canudos, unindo Ufal, USP, Ufersa, UFBA e Donkey Sanctuary, sendo submetida à Comissão de Ética de Uso de Animais (CEUA) da Ufal, ficando a instituição como responsável pelas ações.

Segundo o professor Pierre Escodro, coordenador do Grupequi Ufal: “O objetivo da pesquisa será promover sanidade e bem-estar aos asininos em condições vulneráveis, vítimas do episódio supracitado, realizando pesquisas associadas nas áreas de bem-estar animal, morfometria, afecções infeciosas, gástricas, dislipidemias e orquiectomias”.

As atividades de pesquisa só ocorrerão após liberação da interdição da propriedade pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e aprovação no CEUA da Ufal, porém o Grupequi já tem definido os próximos passos, como o controle de zoonoses e o estudo de síndromes específicas dos asnos, como a hiperlipidemia, responsável por matar animais no mundo inteiro e com poucas condutas terapêuticas. Além disso, serão realizadas ações em conjunto com a ONG Pata Voluntária, tendo por objetivo o arrecadamento de fundos para realização de tratamento dos jumentos e castrações.

“A Ufal e Pata Voluntária trarão 30 machos para Alagoas, auxiliando nesse processo. Nesse contexto, inicialmente, teremos dois mestrandos e dois bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) envolvidos, além das ações de extensão que já ocorrem”, disse Pierre.

Grupequi é referência nacional em extensão e pesquisa de equídeos

Comemorando 10 anos de registro no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Grupequi levou 11 trabalhos para o Simpósio Internacional do Cavalo Atleta, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e é referência nacional em extensão e pesquisa de equídeos no Brasil.

O grupo conta com cinco mestrandos, um doutorando, dois bolsistas do Pibic, dois bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Pibiti), quatro integrantes que oferecem apoio com contribuição pública e privada. Além disso, a equipe ainda é composta por 16 voluntários.

Cinco professores da Ufal também estão ligados ao Grupequi, todos de diferentes cursos, como Tobyas Maia, de Zootecnia, Marcia Notomi e Anaemilia Diniz, de Medicina Veterinária, e Ticiano Nascimento, da Escola de Enfermagem e Farmácia (Esenfar), além do próprio Pierre Escodro.