Projeto de Design estuda manifestações vernaculares do bairro da Levada

Estudantes e docentes desenvolveram ilustrações que foram aplicadas em diversos produtos, tais como camisetas e panfletos
Por Ascom Ufal
26/05/2023 15h01 - Atualizado em 26/05/2023 às 15h04
Ilustrações criadas por meio do projeto Vivências Experiências Tipográficas

Ilustrações criadas por meio do projeto Vivências Experiências Tipográficas

“Fiado só quando este olho piscar”. A frase que provoca o riso, mas que também tem a intenção de informar, é bem tradicional em feiras e comércios populares de Alagoas. Essa e tantas outras expressões se tornaram objeto de estudo do projeto Vivências: Experiências Tipográficas do curso de Design da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Ufal. A proposta foi construir artefatos gráficos que contribuíssem para a salvaguarda e valorização das manifestações vernaculares.

As produções foram criadas a partir dos registros das tipografias populares dos mercados do bairro da Levada feitos pela pesquisadora da pós da FAU, Aline Ramos, orientada pela docente Juliana Michaello”, explica a professora Dani Amatte.

O Vivências faz parte das investigações do grupo de pesquisa Laboratório de Experimentação em Design (LED) que propõe a geração de artefatos gráficos que ajudem no processo de preservação dessas manifestações populares. O projeto é uma ampliação do trabalho de conclusão de curso (TCC) da estudante Ianá Sandes que é desenvolvido a partir das investigações do grupo de pesquisa Nordestanças, também vinculado à FAU.

Além de uma aprofundada pesquisa e discussões sobre a relação do fazer popular e o design, desenvolvemos uma série de ilustrações que foram aplicadas em diversos produtos, tais como camisetas e panfletos”, acrescenta Dani.

A iniciativa foi contemplada por meio do edital conjunto Programa Vivências Artísticas - Proest/Proex-Ufal. “O que possibilitou que a ação fosse estendida para o público que tem essas manifestações populares no seu cotidiano, propondo ações educativas em escolas no entorno dos mercados onde Aline Ramos registrou esse apanhado de tipografia vernacular”, comenta a professora.

As ações do projeto são realizadas com o apoio dos estudantes bolsistas Camila Rocha, Ianá Sandes, Iel Ferreira e Iulciran Vieira, além de uma aluna voluntária da graduação Alessandra Albuquerque, todos graduandos em design. A coordenação é compartilhada pelas docentes Dani Amatte (na coordenação), Juliana Donato (coordenação adjunta) e pelo professor Edu Mazzini (apoio operacional).

“Atualmente, estamos prestes a ingressar na fase final, onde levaremos as ações educativas ao ambiente escolar”, informa.

Mais sobre tipografia vernacular

A professora Dani Amatte explica que vernacular é o termo compreendido como algo que é nativo ou próprio de uma determinada comunidade, e que reflete as características culturais, históricas e sociais.

“Trazendo para o ambiente do design, a tipografia vernacular é uma forma de abordagem que trabalha com os tipos de letras e reflete a cultura em que é criada, incorporando elementos da paisagem gráfica, como grafites, cartazes, sinais de ruas e fachadas. O design vernacular contribui com o destaque da pluralidade social e da cultura nacional, se inspirando em uma produção essencialmente brasileira”, afirma

Para adentrar no universo da cultura popular, ela esclarece que “é preciso ter um olhar sensível e atento visto que essas manifestações são vistas, muitas vezes, como uma produção sem muito valor, por não seguir os padrões do design formal”.

“O projeto discute a tipografia vernacular, propondo um percurso pelas manifestações tipográficas populares geradas pela comunidade do bairro da Levada, em Maceió. A discussão se expande para além dos muros do design, ao propor se apresentar para pessoas de outras áreas e, também, para àquelas fora do meio acadêmico”, ressalta.