Egresso da Ufal é aprovado no doutorado da University of Minnesota/EUA

Poucos anos separam um TCC de uma Tese de Doutorado para o estudante João Gabriel Duarte

Por Manuella Soares - jornalista
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São das melhores universidades públicas do país que saem os mais talentosos profissionais. O egresso do curso de graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), João Gabriel da Costa de Souza Duarte foi recém aprovado para o doutorado em Engenharia Civil na Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos. Isso mesmo que você leu: da graduação direto para o doutorado, um voo alto de Maceió para Minnesota, sem escala!

“A aplicação do doutorado foi bastante trabalhosa. Como eu não tenho mestrado, eu tinha que fazer uma aplicação exemplar”, contou João sobre o desafio de provar que merecia a vaga. Mas ele não mediu esforços. Mesmo com um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em andamento e passando por uma fase importante nas atividades que exercia no trabalho como cientista de dados de uma grande empresa de varejo, ele conseguiu tempo para se dedicar à aplicação do doutorado. O propósito maior estava perto de ser alcançado.

O ex-aluno da Ufal contou com a ajuda da mentoria do Brasa, grupo formado por estudantes brasileiros que vivem e estudam no exterior, e conseguiu escrever carta de motivação, fazer prova de proficiência em inglês, traduzir documentos e procurar universidades que tinham a linha de pesquisa que gostaria de seguir: Dinâmica estrutural.

Um processo exaustivo, mas a América do Norte estava pronta para receber João Gabriel. Ele foi aprovado em três universidades dos Estados Unidos: University of Minnesota, University of Pittsburgh, e a North Carolina State University. Foi então que o egresso da Ufal, morador de Boca da Mata, tinha nas mãos o privilégio da escolha.

“Escolhi a University of Minnesota pelo fato do meu futuro orientador ser brasileiro e egresso da Ufal. Além disso, a universidade apresenta ótimas condições e oportunidades de desenvolvimento para um estudante internacional”, revelou.

João está contando os dias para embarcar para o novo destino e ser recebido pelo orientador, o professor Ketson dos Santos, que também estudou Engenharia Civil na Ufal e hoje colhe os frutos numa importante instituição.

“As expectativas estão bem altas. Sei que o nível de exigência vai ser grande, mas me sinto preparado para o novo desafio. Claro que a minha adaptação vai ser difícil, mas tenho certeza que vou conseguir superar”, comentou o estudante, já acostumado com provações.

Bagagem

Ninguém duvida que João vai superar a adaptação da pós-graduação. O voo pode até ser o mais alto, mas a bagagem dele já é preparada para turbulências. Desde o ensino médio, cursado no Instituto Federal de Alagoas (Ifal), até 2020, quando as aulas da graduação na Ufal passaram a ser remotas, o aluno pegava a rota Boca da Mata–Maceió todos os dias, indo e voltando.

Acordar cedo e dormir tarde para investir tempo em estudo foi sua rotina durante grande parte da vida. Isso porque ele quis explorar a graduação com todos os recursos e possibilidades. João se envolveu com pesquisas no Laboratório de Computação Científica e Visualização (LCCV), em projetos do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic), foi monitor por dois anos e fez parte do Centro Acadêmico de Engenharia Civil por quatro anos. Para encarar o cansaço da rotina, só com um bom serviço de bordo.

“Tive que ter muita força de vontade e persistência. Mas eu estava envolto de um ambiente e de pessoas que me incentivavam a continuar com o meu trabalho, pois eu receberia grandes frutos no futuro. Muitas pessoas me ajudaram na minha trajetória, em especial o professor João Carlos Barbirato e o professor Eduardo Toledo, ambos do Centro de Tecnologia (Ctec) da Ufal. Além disso, dois pesquisadores do LCCV também me ajudaram bastante no início da minha pesquisa: Tiago Lobo e Diogo Cintra”, nominou os pilotos do trajeto que o levaram a chegar à Minnesota.

O que ele é e o que pretende ser

João conta que tudo isso contribuiu para moldar sua personalidade para se tornar um pesquisador e acender a paixão pela docência. Ele pretende fazer o doutorado em Engenharia Civil, a partir de junho, pelos próximos cinco anos e, em seguida, um pós-doc para substanciar a carreira de docente. O plano de voo já está pronto! Precisa ser ousado e destemido:

“O que me inspira hoje é contribuir para o desenvolvimento da engenharia e da computação. E acredito que com a minha pesquisa farei isso. Além disso, estou disposto a ajudar outras pessoas que tenham sonhos parecidos com os meus. Eu diria que o caminho é difícil, mas que não desistir é o primeiro passo para alcançar o sucesso”.