Aluna da Ufal recebe menção honrosa no Prêmio Carolina Bori Ciência & Mulher

Wadja Feitosa é uma das seis pesquisadoras selecionadas nacionalmente, na Categoria Graduação, e receberá a condecoração pela pesquisa de iniciação científica voltada ao estudo sobre vírus da dengue e zika.
Por Diana Monteiro- jornalista
03/02/2023 09h40 - Atualizado em 03/02/2023 às 12h56

A estudante Wadja Feitosa dos Santos Silva, do Instituto de Química e Biotecnologia (IQB) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), está entre as seis pesquisadoras contempladas com menção honrosa na 4ª edição do Prêmio Carolina Bori Ciência e Mulher. Nessa edição, houve um total de indicação de 446 candidatas, oriundas de 223 instituições de todas as regiões do país.

O prêmio também se destina a pesquisadoras do ensino médio e, nessa categoria, houve a indicação de 126 concorrentes, enquanto que na graduação a disputa se deu entre 320 candidatas. O evento é realizado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a 4ª edição foi dirigida às “Meninas na Ciência”. As nove vencedoras do Prêmio e as nove participantes a serem agraciadas com menções honrosas, contemplando as duas categorias, foram escolhidas por uma comissão julgadora.

Na categoria Graduação, o Prêmio Carolina Bori Ciência & Mulher é subdividido entre três grandes áreas do conhecimento: Biológicas e Saúde; Exatas e Ciências da Terra e Humanidades.

“Concorrer e ser uma das agraciadas da 4ª edição do Prêmio Carolina Bori na categoria Meninas na Ciência, foi uma experiência de grandioso aprendizado. De fato, participar de uma premiação de tamanha repercussão nacional, que contempla trabalhos de mulheres e meninas que fazem Ciência por todo o país, foi um incentivo não só para mim, mas para todas as meninas que sonham em fazer Ciência e visam a um futuro onde a educação e o desenvolvimento científico serão a base da nossa sociedade”, comemorou Wadja, aluna do curso de Química Tecnológica e Industrial do Campus A.C. Simões da Ufal.

Wadja Feitosa participou da disputa nacional como bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) e a premiação resulta do trabalho desenvolvido sobre Planejamento de alfa-Cianoacrilatos e alfa-Cianoacrilamidas Baseado em Fragmentos, como Inibidores da NS2B/NS3 dos Vírus Dengue e Zika, que tem orientação do professor Edeildo Ferreira da Silva Júnior, do IQB. Ela integra, também, o Grupo de Pesquisa em Química Biológica e Molecular da Ufal.

Em seu percurso como pesquisadora, a aluna premiada aproveita para destacar: “A conquista encheu meu coração com a confirmação e o desejo de seguir carreira acadêmica em uma universidade pública, contribuindo cada vez mais para o avanço científico e tecnológico do nosso país”, afirmou Wadja, com a convicção da trajetória que quer seguir e da importância de mais uma conquista alcançada como colaboração à Ciência.

Pesquisa

O projeto da graduanda teve como objetivo desenvolver compostos antivirais promissores como protótipos de fármacos contra os vírus da dengue e da zika, os quais ainda não possuem medicamentos específicos para combatê-los. Em 2021 a pesquisa ganhou excelência acadêmica e, em 2022, recebeu certificado de melhor trabalho de Química Medicinal na 45ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química (45ª RASBQ). O estudo gerou patente e em 2022 foi publicado, na íntegra, no periódico internacional New Journal of Chemistry.

O trabalho de Wadja também foi selecionado para ser reapresentado na 73ª Anual da SBPC, em julho do ano passado, na Universidade de Brasília (UNB). A assessora da Coordenação de Pesquisa, da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (Propep) da Ufal, Berenice Pimentel, pontua que a referenciada reunião é considerada o maior evento científico do país e provoca a visibilidade das melhores pesquisas e pesquisadores das instituições brasileiras. “Alavancar as políticas da pesquisa científica e tecnológica é uma das metas da Universidade Federal de Alagoas, com o intuito de promover a cidadania”, destacou.

O orientador Edeildo Junior enfatiza que a menção honrosa recebida por Wadja no 4° Prêmio Carolina Bori Mulher & Ciência, “fecha com chave de ouro” o projeto Pibic de sua orientanda. “O prêmio também faz com que ela seja inspiração para outras meninas cientistas do nosso país continental. Além disso, deixa-nos com uma sensação de dever cumprido e que, de certa forma, representa nossa “pequena” contribuição para o Dia Internacional da Mulher na Ciência, 10 de fevereiro, quando será feita a entrega da premiação. Otimistas, nós estamos trabalhando na nossa próxima contribuição para ciência e sociedade brasileira, sempre respeitando e valorizando o papel da mulher e da menina na Ciência”, comemorou.

Notório talento

Desde 2019, o Prêmio Carolina Bori Mulher & Ciência condecora cientistas mulheres, alternando a concessão do prêmio a cientistas de destaque e a jovens com notório talento para uma carreira científica promissora. Na quarta edição contemplou pesquisas de iniciação científica que demonstraram criatividade, boa aplicação do método científico e potencial de contribuição com a ciência no futuro. Do total de nove selecionadas para a Menção Honrosa, três pesquisadoras do ensino médio foram condecoradas. Mais informações sobre o prêmio, basta acessar esse link.

A premiação ocorre anualmente, alternando duas categorias: Mulheres Cientistas e Meninas na Ciência. A cerimônia de outorga do prêmio às contempladas na quarta edição será no dia 10 de fevereiro, instituído como O Dia Internacional da Mulher na Ciência. A solenidade será no Salão Nobre do Centro Universitário Maria Antônia da Universidade de São Paulo (USP), em São Paulo, durante o Simpósio Mulheres e Meninas na Ciência, promovido pela SBPC.

Iniciação Científica e Parceria

O professor Edeildo aproveita para destacar a importância da premiação, a partir de um estudo científico desenvolvido na instituição alagoana e agradece o apoio recebido no âmbito da Ufal e externamente para a concretização do projeto: “A premiação em nível nacional tem um grande significado para o grupo GPQBIOMOL da Ufal. Uma vez que o projeto nasceu a partir de um edital Pibic, cuja manutenção da bolsa da Wadja foi permitida graças aos esforços conjuntos do reitor Josealdo Tonholo, da coordenação de Pesquisa da Propep, representada pela professora Magna Suzana, Vitor Torres e Berenice Pimentel, assim como, do Núcleo de Inovação Tecnológica da Ufal”. Ele destacou também o importante apoio que o projeto recebeu da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) e do CNPq.

A importância das bolsas de pesquisa e extensão para os estudantes de graduação do país também é reforçada por Edeildo, pela relevante contribuição dada para o desenvolvimento científico e tecnológico da nação. “Graças à bolsa de Pibic, a graduanda Wadja Feitosa conseguiu desenvolver sua pesquisa e atingir tal premiação. Ter essa menção honrosa no currículo é uma conquista para poucas”, reforçou Edeildo.

Sobre a conquista alcançada por sua orientanda, complementa: “Além disso, saliento que a Wadja tem a ‘cara’ desse prêmio devido à sua capacidade de entender, debater e resolver problemas científicos associados à temática de seu projeto e, de fato, ela é uma ‘Menina da Ciência’. Aproveito para parabenizar todas as outras vencedoras do prêmio”.

Parceiros

Com reconhecimento à importância das parcerias firmadas no percurso acadêmico e científico, professor Edeildo destaca o envolvimento do Instituto de Ciências Farmacêuticas (ICF), representado pelo pesquisador João Xavier de Araújo Júnior, e do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS), por meio do pesquisador Ênio José Bassi. Ele também ressaltou a parceria da pesquisadora Tanja Schirmeister, da Universidade Johannes Gutenberg de Mainz (Alemanha), onde realizou parte do seu doutorado.