Estudantes apresentam resultados de pesquisas no Congresso Acadêmico

Temas como a lei de cotas na Ufal e a midiatização da pandemia, por exemplo, foram alguns destaques no evento

Por Deriky Pereira – jornalista e Vinícius Soares – estudante de Relações Públicas
06/12/2023 13h43 - Atualizado em 02/05/2024 às 18h07
Estudantes acompanham apresentações de trabalhos no Caic (Foto: Thiago Toledo)

Estudantes acompanham apresentações de trabalhos no Caic (Foto: Thiago Toledo)

O Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes (Ichca) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) recebeu, na última semana, diversos estudantes que participaram da programação do 33º Congresso Acadêmico de Iniciação Científica (Caic). Na ocasião, entre os dias 28 e 29 de novembro, alunos dos cursos de Filosofia, Jornalismo, Relações Públicas, História, dentre outros, apresentaram os resultados de seus trabalhos de iniciação científica.

Um dos trabalhos apresentados foi o da estudante de Relações Públicas, Isadora Ulisses, que debateu sobre a maneira como as mídias influenciaram na percepção da sociedade em relação à prevenção da covid-19. “O objetivo foi analisar como a midiatização influenciou na disseminação das mensagens relacionadas a covid-19 com base em estudos de casos específicos, além de investigar a interação dos espaços públicos e privados na recepção das mensagens preventivas”, salientou a estudante.

As redes sociais foram fundamentais para entender como os processos midiáticos migraram do formato tradicional para os meios digitais, visto que a midiatização é um fenômeno em que a mídia e comunicação se tornam parte integrante da sociedade, influenciando na percepção pública. Para isso, foi utilizada a metodologia de coleta de dados, em que analisava fontes de mídia como notícias, posts e vídeos na Internet.

“A pesquisa também avaliou a influência dos fatores políticos e ideológicos na forma de lidar com a pandemia com a gestão de crise. Para tanto, o objeto de estudo foi o site TNH1, e ele foi fazendo a analogia de todo o processo, desde a primeira notícia divulgada da OMS [Organização Mundial da Saúde] até os dias atuais”, complementou Isadora Ulisses, durante sua apresentação.

Análise do discurso no texto jornalístico

Outro tema debatido foi a análise de discurso da revista Veja durante o período pandêmico, a partir de um trabalho apresentado pelo estudante Emídio David, também estudante de Relações Públicas. Foram catalogadas 15 capas da revista durante o período pandêmico, e os critérios utilizados foram a relevância do conteúdo, a temporalidade e a relação semântica entre linguagem verbal (texto) e a não verbal (imagens) nas capas.

“Decidimos usar como aporte as contribuições de [Pierre] Bourdieu, para entender como as estruturas são provocadas e repassadas através do simbólico, pois o poder está na construção do discurso. Para além de Bourdieu, foi utilizada a análise de discurso como base os estudos de [Michel] Foucault. Quando você é um sujeito interpelado por uma ideologia, o posicionamento que você toma é automático”, explicou Emídio David.

Assim, o estudo fez uma linha do tempo traçando desde a primeira capa da revista citando o novo coronavírus, até a última capa citando o fim da pandemia. Na primeira capa analisada, de 5 de fevereiro de 2020, cujo título era O Vírus do Medo, o posicionamento da Veja foi o de minimizar a gravidade do vírus naquele período, citando, no subtítulo, que o mundo estava bem preparado para enfrentar uma nova epidemia.

“Meses depois, a pandemia se agravou pelo mundo, levando ao colapso dos sistemas de saúde, inclusive no Brasil. A partir destes fatos, a revista Veja mudou o seu posicionamento referente ao vírus, se tornando uma voz de oposição ao então governo no que dizia respeito à gestão da pandemia. Já a última capa que falou sobre o vírus foi deste ano, em que o título se chama O Início do Fim, na qual a capa mescla elementos verbais e não-verbais, com figuras de pessoas sem máscara e pessoas voltando a vida normal”, disse Emídio.

Ações afirmativas

Ainda no Caic, também foi apresentado um trabalho pelo estudante do curso de licenciatura em História, Nícolas Almeida, que teve como foco uma análise crítica e historiográfica da produção intelectual do negro na revista Kulé Kulé, um projeto editorial coordenado pelo Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi), em conjunto com as políticas de ações afirmativas da Ufal.

“O tema é relevante principalmente devido pela parada da publicação. A publicação se encerrou em 2008 e seria de grande importância o retorno, pois a publicação tinha uma formação de caráter étnico-racial, isso seria fundamental para a Universidade, e para o ensino público que era alvo da publicação”, contou o estudante.

E ele disse mais: “O foco do trabalho foi o de perceber as mudanças na Universidade com a entrada dos alunos cotistas. É muito importante a socialização desse estudo, pois ele trabalha com diferentes opiniões a fim de construir mais conhecimento”, explicou Nícolas Almeida, durante sua apresentação no 33º Congresso Acadêmico de Iniciação Científica.

Acompanhe os detalhes da programação e também de outros trabalhos apresentados no evento aqui.