Estudantes da Ufal “zeraram a vida” e são os novos estagiários da Google

Eles vão assumir qualquer culpa de estagiário e se dedicar ao desenvolvimento de um app
Por Manuella Soares - jornalista
17/08/2021 16h15 - Atualizado em 17/08/2021 às 21h39

Trabalhar na Google é o sonho de muitos jovens apaixonados por tecnologia. E os dois novos estagiários nessa empresa famosa por ser descontraída e inovadora são da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Um tem nome de craque de futebol, mas as quatro linhas que ele ama jogar são as do computador.

Romário Pantaleão é aluno do curso de Ciência da Computação. O pai mirou no ídolo e acertou num talento da informática. “Atualmente eu assisto e jogo bem pouco, mas eu costumava fazer isso bastante. Hoje em dia eu mais na frente do PC mesmo”, brincou.

O outro estagiário é Eduardo Gomes, natural de Feira Grande-AL, que está pertinho de se formar em Engenharia da Computação. As figuras da família que o impulsionaram para a Ufal foram os tios, José Edmar de Lira e Maria Elisângela Santos Lira, residentes em Maceió, que abrigaram o garoto para ele conseguir cursar a graduação. José Edmar é professor da Ufal e a esposa, faz doutorado na Universidade. Eduardo não esconde a empolgação com a nova oportunidade: “É a Google. Ela está entre as melhores empresas do planeta para se trabalhar!”.

O caminho que levou os dois alunos da Ufal a conquistar as vagas foi diferente. Romário soube da oferta por meio de um amigo que já trabalha na Google. O laço de amizade foi feito num evento de tecnologia que, para ele, era aposta certa num futuro promissor.

“Nas maratonas e nos acampamentos de verão da Unicamp, essas empresas grandes sempre estão patrocinando e entrando em contato com os competidores, e daí eu vi que era uma das possibilidades pra minha carreira. Como as entrevistas [na seleção] são problemas de algoritmo, o diferencial para mim, com certeza, foram os estudos para as maratonas de programação”, lembrou Romário.

Para Eduardo, estar atualizado nas redes sociais abriu portas. Ele soube da seleção pelo Linkedin e conseguiu passar por todas as fases. “Foram três etapas. Envio dos currículos e mais duas entrevistas por videochamada, nas quais eram passados problemas de programação para serem resolvidos no tempo da entrevista. Acredito que meu diferencial tenha sido a pesquisa em que estive envolvido no Laccan [Laboratório de Computação Científica e Análise Numérica] e os artigos. Mas o principal foi a resolução dos problemas nas entrevistas”, contou.

Segredos e ansiedades

Os meninos já começaram o estágio neste mês de agosto. Mas eles não vão trabalhar de bicicleta, nem descer nos escorregadores ou dar uma pausa jogando pebolim. As atividades serão on-line, cada um na sua casa. O que já é um grande incentivo para administrar o próprio tempo. E quando se trata de tecnologia e inovação, não dá pra revelar muita coisa, só as expectativas...

“O que eu posso falar é que vou trabalhar em um aplicativo. Estagiando na Google, eu espero poder impactar de forma positiva os milhões de usuários. Acredito que esse estágio será um divisor de águas na minha carreira profissional”, disse Eduardo.

Romário já quer fazer gol de placa e driblar os coleguinhas. “Minha expectativa é aprender como são desenvolvidos os softwares em empresas gigantes, conhecer as ferramentas e os processos. E, se existir a possibilidade, ser efetivado no final (risos), brincou, mas com sinceridade.

Alô Google, de olho nesses estagiários, hein? Foi muita perseverança para conquistar essas vagas. Romário tem 27 anos e conta que sua prioridade não era se formar cedo. Ele queria aproveitar ao máximo as possibilidades que o curso abria, como eventos e estágios. O apoio nesse caminho tem nome e sobrenome:

“O motivo pelo qual eu sempre continuei tentando foi o apoio do professor Rodrigo Paes, meu primeiro professor de programação e maior incentivador/apoiador nessa jornada. Sempre correu atrás de dar as oportunidades e incentivar a galera. Inclusive, estudava muito com a gente nos primeiros anos das competições. E sempre me dava apoio moral quando eu estava, numa época, meio desanimado”.

E o estagiário Eduardo também não vai levar nenhuma culpa sozinho! “Meu orientador do Pibiti, André Aquino, sempre me deu apoio, acreditou mais em mim do que eu mesmo, na maioria das vezes”, lembrou. E a gente confia, porque estagiário da Ufal é só orgulho!