Fórum reafirma a assistência estudantil para a democratização do ensino

O 1º Fórum da Assistência Estudantil da Ufal foi realizado on-line nesta quarta-feira, 1º de dezembro
Por Lenilda Luna - jornalista
03/12/2021 09h57 - Atualizado em 03/12/2021 às 09h59

O 1º Fórum da Assistência Estudantil da Universidade Federal de Alagoas (Ufal, foi realizado no modo on-line, nos dois turnos desta quarta-feira, 1º, com transmissão ao vivo no canal do Youtube da Pró-reitoria Estudantil (Proest). Na abertura, o professor Alexandre Lima, pró-reitor Estudantil, fez uma saudação à comunidade acadêmica. Em seguida, explicou a proposta do Fórum, que deve ser realizado semestralmente. 

O pró-reitor destacou a importância de discutir o panorama nacional e local das ações de política estudantil. “Especialmente neste período de pandemia, onde é preciso garantir a assistência aos estudantes de baixa renda, superando esse momento de crise e de cortes sistemáticos no orçamento”, desafiou o pró-reitor. 

O representante do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Gabriel Ferreira, ressaltou que a política de assistência é bandeira fundamental do movimento estudantil. “Precisamos garantir as condições para que os estudantes não tenham que escolher entre estudar ou trabalhar pela sua manutenção. Defender uma universidade que tenha inclusão social, tem que ter assistência estudantil”, defendeu o estudante. 

A vice-reitora Eliane Cavalcanti também fez uma saudação aos ingressantes e veteranos. “É muito importante debater as ações para permanência do acadêmico na Universidade. Durante essa pandemia, a manutenção dos estudantes foi ainda mais complicada. A saúde física e mental da comunidade acadêmica foi abalada. Esses temas têm que ser debatidos porque precisamos contribuir para que nossos estudantes possam resistir”, ressaltou. 

Em sua saudação, o reitor da Ufal Josealdo Tonholo relatou como foi o processo de consolidação das políticas de assistência estudantil na Ufal. “Demos passos, como implantar os cursos noturnos e instituir as cotas sociais e raciais. Também foi fundamental interiorizar a Universidade para garantir o acesso das pessoas que não podem se manter na capital para estudar. A política de cotas da Ufal é pioneira. Queremos uma universidade para o povo alagoano”, destacou o reitor. 

Tonholo também criticou os cortes no orçamento das universidades públicas. “No ano de 2020, sofremos um corte no orçamento da Universidade, atingindo principalmente a assistência estudantil. Em 2021, o corte na política de assistência estudantil foi de quase R$ 5 milhões. Exatamente no ano que a gente mais precisava desse orçamento para garantir a alimentação, internet e outros apoios necessários para que os estudantes se mantenham nos cursos”, lamentou o reitor. 

Para 2022,  o reitor infomrou que já está previsto no Projeto de Lei Orçamentária, uma queda de R$ 3 milhões. “Teremos uma leve recuperação dos recursos destinados à política estudantil, mas sabemos que o próximo ano não será fácil para a Universidade e vamos manter o esforço para garantir as ações de transformação social que ousamos fazer nesses 60 anos de Ufal. A pandemia vai passar, temos ainda muitas incertezas de como serão as aulas pós-pandemia, mas vamos prezar pela qualidade da educação”, declarou o reitor. 

A palestrante da primeira mesa do Fórum foi a professora Maisa Silva, pró-reitora de Assuntos Estudantis da Universidade Federal de Goiás (UFG).  “Parabenizo pela realização desse Fórum de Assistência Estudantil, porque só podemos fazer uma política estudantil consolidada com a participação dos estudantes no planejamento, na avaliação e na execução dessas ações. A assistência estudantil é uma condição para o acesso democrático nas universidades, porque o acesso significa passar no Enem, permanecer no curso, se formar e sair com o diploma”, ressaltou a pró-reitora. 

Maisa Silva fez uma exposição com dados, para demonstrar como os cortes no orçamento e a dificuldade de acesso às políticas de assistência estudantil no último período, tem impedido a população de baixa renda de ter acesso à Universidade. “Estamos falando de um contexto onde a de renda média da população caiu em torno de 15%, justamente quando temos uma inflação de 10% ao mês. A maioria da população brasileira está mais pobre e mais distante das nossas instituições”, disse ela. 

A professora ressaltou a queda de inscrições das camadas mais pobres nas últimas edições do Enem. “O número geral de inscritos caiu de 5 para 3 milhões. Sabemos que foram os mais pobres que deixaram de se inscrever porque a solicitação de inscrição com isenção de taxa, por declaração de carência, caiu 77% nessa última prova, em relação ao Enem anterior. Apenas 11,7% dos universitários são pretos. É a menor proporção, desde 2009”, alertou Maisa. 

A pró-reitora de Assistência Estudantil (UFG) destacou ainda a importância de combater as fraudes na Lei de Cotas e a necessidade de consolidar o Plano Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes). “O Pnaes precisa virar lei, com financiamento justo. Estamos nos mobilizando para isso. Desta forma, fica mais difícil que os interesses de um determinado governo possam interferir nessa assistência estudantil”, ressaltou Maisa Silva. 

Os dois turnos do Fórum podem ser assistidos no  canal da Pró-reitoria Estudantil (Proest) no Youtube