Estudante de Música tem trabalho selecionado para congresso nacional

Pesquisa faz resgate histórico da atuação do maestro Japiassu e da Banda Feminina de Rio Largo
Por Thâmara Gonzaga – jornalista
28/08/2020 14h35
João Gracindo Neto, violonista e estudante do curso de Música da Ufal (Foto: Renner Boldrino)

João Gracindo Neto, violonista e estudante do curso de Música da Ufal (Foto: Renner Boldrino)

Com uma pesquisa sobre o pioneirismo de uma banda alagoana formada apenas por mulheres, o estudante do curso de Música da Ufal, João Gracindo da Silva Neto, foi selecionado para apresentar parte dos dados desse estudo no 30º Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música (Anppom). O evento será realizado on-line, de 7 a 11 de dezembro deste ano.

O trabalho tem como título Música, Memória e Gênero: Aquino Japyassu e a Banda Feminina de Rio Largo – Alagoas e é um recorte da pesquisa desenvolvida pelo professor Marcos Moreira, orientador do discente. Com o apoio dos estudantes, incluindo João, o professor da Ufal vem colhendo dados para recuperar a obra do maestro pernambucano Japiassu, que foi regente, compositor e formador de bandas de música em Alagoas e no Rio de Janeiro.

“O projeto buscou realizar um resgate histórico da atuação de Aquino junto à Banda Feminina de Rio Largo, formada em 1936, e sua presença regional e nacional. Constatamos ser uma das pioneiras, quanto a sua formação exclusivamente feminina, não apenas no Brasil, mas no continente”, explica o estudante de música instrumental.

Ele conta que a pesquisa já havia originado o livro Japiassu: o maestro dos teares, organizado pelo docente Moreira, em 2018, e agora o artigo para o congresso da Anppom. “Estamos contentes com o reconhecimento que o trabalho tem recebido. O congresso costuma receber trabalhos de pós, então estamos felizes por aprovar o nosso que é da graduação”, afirma João.

A pesquisa ainda está em curso e fez parte do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic), projeto do qual o estudante tem participado com o orientador há cerca de dois anos. Ele afirma o quanto a experiência “tem sido produtiva”.

“Agora, em setembro, iniciaremos um novo ciclo, onde iremos recapitular Aquino e a Banda Feminina, desta vez focando um pouco mais na produção composicional do maestro”, adianta o discente ao destacar que o grupo de pesquisa conseguiu diversos manuscritos de dobrados, marchas e canções religiosas, em versões para banda e piano, e que estão revisando as peças, além de compor edições para piano e banda filarmônica.

Projeção da pesquisa

Sobre a participação no congresso da Anppom, João Neto destaca a oportunidade ao afirmar que a referida associação é “uma das mais conceituadas no Brasil, recebe trabalhos de todo o país e possui grande reconhecimento na comunidade acadêmica”.

“Os trabalhos apresentados no congresso recebem projeção nacional, o que também ajuda a impulsionar a imagem da Universidade, do curso de música e também do grupo de pesquisa que participo, o Centro de Musicologia de Penedo [Cemupe]”, afirma.

Para o estudante, esse tipo de apresentação tem estreitado a possibilidade de intercâmbio com outros grupos de pesquisa brasileiros. “O Laboratório de Musicologia [LaMus], da Universidade de São Paulo [USP], por exemplo, já declarou interesse pela produção do Cemupe e mantém contato conosco”, relata.

O docente coordenador da pesquisa e coautor do artigo também destacou o reconhecimento em ter um trabalho selecionado para participar do congresso. “A Anppom é a associação que discute o papel e as ações de pesquisa dos programas de pós em Música no país. Lembrando que a Ufal não tem pós nessa área, o que torna a aprovação do congresso especial”, diz.

Sobre o Cemupe

O Centro de Musicologia de Penedo é uma instituição de pesquisa vinculada à Secretaria de Cultura e Turismo de Penedo, Alagoas, e também vinculada como extensão à Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

O docente Moreira explica que no Cemupe são estudados compositores alagoanos da música de concerto ainda pouco divulgados e conhecidos. “Os trabalhos são publicados e apresentados, anualmente, no evento Festival Internacional de Musica de Penedo [JPMB]”, informa.

João Neto acrescenta que o objetivo do grupo é a “ressignificação das obras e compositores de bandas de música alagoanos, além de dar suporte de pesquisa ao JPMB”.

Por causa da pandemia, este ano não houve edição presencial do evento. “Infelizmente, este ano o festival não pôde acontecer, mas foi realizado de forma on-line nos canais da JPMB no YouTube, Facebook e Instagram. Aproveito para convidá-los a acessar estes canais e assistirem ao conteúdo, que conta com recitais, mesas-redondas e muito mais”, convida o discente.