Projeto de Libras produz vídeos acessíveis a surdos bilíngues, contra a covid-19

Os vídeos possuem legendas e são feitos com o auxílio de docentes da Ufal e médicos da iniciativa privada
Por Pedro Ivon - estagiário de Jornalismo
06/07/2020 15h54 - Atualizado em 06/07/2020 às 17h41

O projeto de extensão Libras contra a covid-19, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), foi criado com o intuito de ajudar a comunidade surda a compreender as recomendações no combate ao novo coronavírus. Coordenado pela professora de linguística do curso de Libras da Ufal, Edineide Silva, o grupo se reúne de maneira remota e recebe orientações de proteção e cuidados da Faculdade de Medicina (Famed) e do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBs), além do auxílio de médicos da iniciativa privada.

“Muitos alunos surdos não entendiam o que estava ocorrendo”, informa a docente, explicando em seguida que há uma exclusão linguística e uma necessidade de ter informações em Libras. Composto por 20 integrantes, o projeto tem como colaboradores a professora Ana Rosa, do ICBS, o professor João Klinio, da Famed, e outros médicos, pertencentes ao setor privado. Três bolsistas da graduação de Letras-Libras também participam, bem como alunos voluntários.

Ações do projeto

O grupo realiza reuniões semanais para entenderem as orientações dos médicos e fazerem com que as mesmas produzam sentidos na Libras comportamental e praticada socialmente, referente às recomendações de cuidados, como o uso de máscaras, do álcool em gel, da higienização ao ir aos supermercados, etc. A partir de então, são produzidos vídeos, gravados pelos alunos, em suas casas.

“Os alunos bolsistas, sob minha orientação, agregam à Libras, gravando essas informações diretamente na Linguagem Brasileira de Sinais”, explica Edineide, que também informa que as produções audiovisuais contam com recursos imagéticos e de legendas em português, como uma segunda língua, tendo em vista a presença de surdos bilíngues no curso.

Os vídeos são tornados acessíveis em Libras pela equipe de edição, também composta por alunos bolsistas e voluntários. Dessa maneira, promove-se a saúde entre surdos e surdos; e surdos e ouvintes, o que, de acordo com a professora, atenua “os efeitos da covid-19 na comunidade surda e, consequentemente, na sociedade alagoana”.

Importância social

De acordo com a professora Edineide, o povo alagoano reconhece o impacto positivo dos vídeos e os está divulgando, tornando-os acessíveis até no interior de Alagoas e em outros estados, onde há uma grande concentração de surdos. A docente comenta que isso revela “uma demanda de conteúdos em libras que sempre existiu, mesmo antes da pandemia da covid-19 no Brasil, sendo agora um caso de utilidade pública, pois em épocas de pandemia, o acesso à informação salva vidas”.