Curso de Realidade Brasileira começa com repúdio à Ditadura Militar

Na saudação aos cursistas, a reitora Valéria Correia lembrou estudantes da Ufal que foram vítimas do Golpe de 1964
Por Lenilda Luna - jornalista
05/04/2019 13h49 - Atualizado em 22/11/2021 às 09h01
Curso Realidade Brasileira é ofertado desde 2012

Curso Realidade Brasileira é ofertado desde 2012

Os 50 cursistas selecionados para a 5ª turma do curso de extensão Realidade Brasileira participaram, na manhã desta sexta-feira (5), da abertura da programação. Estiveram presentes lideranças de movimentos populares, pastorais sociais, movimentos sindicais, estudantes, além de organizações e profissionais que possuam vínculo com trabalhos de educação popular e saúde. Parte dos selecionados é de estudantes, professores e técnicos da Ufal. 

O curso de extensão nacional foi elaborado como proposta de formação política das lideranças de movimentos sociais no final dos anos 90, quando as universidades brasileiras participaram dos debates de forma crítica sobre o processo de privatizações ocorrido naquele período. Na Universidade Federal de Alagoas (Ufal) o curso começou a ser oferecido em 2012. “Sentimos a necessidade de aprofundar a prática do estudo sociocultural político-econômico também aqui em nosso Estado, a fim de contribuir para o despertar da consciência crítica, pensar o Brasil e sua organização popular”, ressaltou a coordenação do curso na apresentação. 

Na saudação aos integrantes da nova turma, a reitora Valéria Correia destacou o apoio da Gestão ao Curso de Realidade Brasileira e a importância do debate sociopolítico. “Enfrentamos uma conjuntura nacional em que se busca fazer um revisionismo da História sem considerar as várias evidências do que foi a Ditadura Militar no Brasil, com milhares de torturados, desaparecidos e mortos. Um período obscuro que não se pode negar. Aqui mesmo na Ufal, tivemos estudantes perseguidos e mortos, como Gastone Beltrão, que tinha acabado de entrar em Economia, e Manoel Lisboa, que era estudante de Medicina”, destacou a reitora. 

Outra questão destacada por Valéria foi a Política de Cotas. “Abrimos as portas da Universidade para o povo brasileiro por meio das cotas. Temos pesquisas do Fórum Nacional de Pró-reitores Estudantis (Fonaprace) indicando que 76% dos nossos estudantes pertencem às famílias com renda per capita de até 1,5 salário mínimo. Mas se essa inclusão social não é acompanhada de formação crítica e discussão sobre o papel da Universidade na sociedade, as cotas começam a ser atacadas como se fosse ‘coitadismo’ e não como o resgate de uma dívida social com as populações negra e indígena. É preciso conhecer a História”, destacou a reitora. 

O curso está organizado em oito módulos presenciais, um final de semana por mês, sendo sexta e sábado, em horário integral. Entre os pensadores brasileiros que serão estudados estão Dirceu Lindoso, Florestan Fernandes, Celso Furtado, Caio Prado Jr, Darcy Ribeiro e Paulo Freire. O estudo é mediado por mediado por um facilitador convidado. No final de cada módulo, os participantes elaboram um trabalho. O curso oferece certificado de 140 horas.