Bancas de validação de autodeclaração étnico-racial iniciam trabalhos

Nesta segunda-feira (22), mais de 500 candidatos foram convocados
Por Lenilda Luna - jornalista
22/04/2019 11h41 - Atualizado em 22/11/2021 às 09h01
Primeiro dia das bancas étnico-racial

Primeiro dia das bancas étnico-racial

Uma grande fila foi formada no hall Reitoria por volta das 7 h desta segunda-feira (22) e, em seguida, os candidatos ao processo seletivo Sisu-Ufal 2019 lotaram o auditório para a recepção e primeiras orientações sobre as bancas de validação de autodeclarados negros que concorreram pelas cotas. 

Durante toda a semana, devem passar pelas bancas os 2.298 candidatos do Campus A. C. Simões, Ceca e Espaço Cultural; 272 candidatos para o Campus Arapiraca; e 106 candidatos para o Campus Sertão, entre titulares e suplentes. 

Entre os mais de 500 que compareceram neste primeiro dia, Rosemary Honorato estava bastante ansiosa, mas confiante neste processo de validação. “É uma forma de colocar as pessoas certas ocupando essas vagas. Nós negros e negras já sofremos muita discriminação e enfrentamos muitas dificuldades. Precisamos dessa oportunidade”, declarou a estudante. 

As bancas de validação de autodeclaração étnico-racial são um critério previsto na política de cotas das Ações Afirmativas. Na Ufal, as cotas foram implantadas em 2003, mas essa é a primeira vez que o processo de validação é organizado. “Foi uma reivindicação do movimento social negro, por meio do Ministério Público Federal, por conta de algumas denúncias de fraudes nas autodeclarações”, informou Lígia Ferreira, do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros (Neab-Ufal). 

Na Ufal, 50% das vagas oferecidas no Sisu são distribuídas pelas cotas. Nessa reserva, concorrem os candidatos que estudaram durante todo o ensino médio em escola pública. São destinadas 50% das vagas para o candidato de família com renda per capita igual ou menor que um salário mínimo e meio bruto. A outra metade das cotas é reservada para negros (pretos e pardos) e indígenas. 

A formação das bancas exigiu muitos debates e capacitações. Uma estrutura foi montada em cada sala para a filmagem das validações. “Em alguns cursos de prestígio social, as vagas não estavam sendo ocupadas por pessoas negras. Por isso, a necessidade de estruturar as bancas de validação previstas na lei”, declarou Lígia Ferreira. 

O parecer da banca é entregue ao candidato no mesmo dia da entrevista. O critério são as características fenotípicas, ou seja, não basta ter uma descendência negra, é preciso ser pardo ou preto para corresponder aos requisitos das cotas. Os candidatos que não concordarem com o resultado, têm prazo para recorrer, de 23 a 27 de abril, em Maceió, e de 30 de abril a 1º de maio, no interior.