Beleza e resistência: exposição apresenta fotos de mulheres vítimas de violência

Exposição "Mariposas" está na FDA e comemora os 12 anos da Lei Maria da Penha
Por Eduardo Lira - estagiário de Relações Públicas
12/09/2018 10h21 - Atualizado em 12/09/2018 às 16h50
Ensaio com as mulheres atendidas pela ONG. Fotos: Jéssica Conceição

Ensaio com as mulheres atendidas pela ONG. Fotos: Jéssica Conceição

A Lei Maria da Penha completou 12 anos no mês de agosto, e para celebrar a conquista da farmacêutica que resistiu à torturas por  23 anos e que acabou por nomear o decreto, a ONG Centro de Defesa dos Direitos da Mulher (CDDM), em colaboração com a fotógrafa e egressa de Geografia da Ufal, Jéssica Conceição, tiveram a ideia de fazer um ensaio para restabelecer a autoconfiança e a autoestima das mulheres atendidas pela ONG.

Jéssica conta que a decisão de fotografá-las foi o modo pelo qual encontrou de contribuir com o projeto e para se colocar como um instrumento, que iria resgatar as forças oprimidas pelo machismo e pela violência doméstica, e que desejava reviver as belezas escondidas por trás de traumas no passado de suas personagens.

“Durante o processo, eu percebi que para muitas mulheres foi um reencontro com a sua autoestima, algumas delas, quando eu tirava a foto e a exibia, diziam ‘nossa, eu não acredito que essa aí sou eu, nem parece comigo’. E eu dizia: ‘Essa aí é você sim, e não é por conta do fotógrafo e nem da câmera, é porque é exatamente assim que você é”, relata com orgulho a fotógrafa.

As Mariposas

Por se diferenciar do pouso tímido de asas fechadas feito pelas borboletas, a exposição recebeu o nome de Mariposas devido a forma pela qual o pouso revela com orgulho a beleza de suas asas. A mostra permanece aberta para comunidade até a próxima sexta-feira (14), na Faculdade de Direito da Ufal. No local, os visitantes encontrarão os registros das mulheres que já foram atendidas pela ONG e das que ainda permanecem participando de atividades na organização.

As fotos exibem as histórias das personagens através dos olhares marcantes, das expressões faciais marcadas pela luta pela sobrevivência e por linhas e traços que compõem um todo. A fotógrafa diz que optou por retratar essas mulheres sem entrar nas especificações de seus passados. “Nós escolhemos fazer algo mais subjetivo. E acabou que ouvi de alguns visitantes que estavam prestigiando a exposição, que apesar de não ter nenhum relato por escrito, eles conseguiram sentir a história delas através de outros detalhes contidos nas imagens”, compartilha Jéssica.

Sobre o CDDM

Dados das Nações Unidas apontam que o Brasil possui a quinta maior taxa de feminicídios do mundo. Essas mortes configuram-se em assassinatos cruéis cujas vítimas foram incapazes de encontrar formas eficazes de defesa para as humilhações e torturas aplicadas por seus companheiros. Em Alagoas, a ONG Centro de Defesa dos Direitos da Mulher tem atuado para modificar a vida das vítimas de torturas físicas e psicológicas. 

O CDDM atua no auxílio às mulheres em situação de vulnerabilidade, e fornece ajuda gratuita com seus serviços em assistência social, psicológico e apoios jurídicos. 

A ONG fica localizada na Rua Imperatriz, N°27, Santos Dumont, Cidade Universitária, e aceita contribuições da sociedade para as companheiras que foram expulsas de casa, e estão desempregadas, sem alimentação.

Para contribuir, os números são: (82) 99922-5202 e (82) 98812-5800. Ou através do Instagram.