Debate sobre cotas na pós-graduação movimenta a sessão do Consuni

Representantes dos estudantes e dos movimentos sociais acompanharam o debate
Por Lenilda Luna - jornalista
04/12/2018 11h15 - Atualizado em 05/12/2018 às 15h15
Lígia Ferreira, diretora do Neab, apresentou a proposta das cotas na pós-graduação

Lígia Ferreira, diretora do Neab, apresentou a proposta das cotas na pós-graduação

A Sala dos Conselhos ficou lotada de estudantes na sessão ordinária do Conselho Universitário (Consuni) desta segunda-feira (3). Entre os pontos de pauta, o que mais atraiu a presença da audiência foi o debate sobre as cotas para população negra, portadores de deficiência e indígenas nos cursos de pós-graduação da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Na proposta, as cotas foram divididas da seguinte forma: 20% para negros; 10% para indígenas e 10 % para candidatos com deficiência.

A professora Lígia Ferreira, diretora do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros (Neab), fez uma exposição sobre as políticas de ações afirmativas na Universidade e a discussão de bancas verificadoras para garantir que as cotas sejam requeridas por quem tem direito. “No início houve resistência a essas bancas, mas depois de vários debates, esclarecemos a importância dessa avaliação,  para que o efetivo direito de reparação histórica com esses três segmentos seja garantido.”, esclareceu a professora.

Apresentando a minuta da resolução, a professora Lígia Ferreira contextualizou o trabalho e apresentou a comissão que foi formada para construir a proposta, acompanhar e avaliar a implementação da política. “É um trabalho permanente. Não é só fazer uma proposta e aprovar, é preciso garantir a correta implementação dessa reserva de cotas para autodeclarados negros e pardos, para os indígenas e para as pessoas com deficiência”, destacou a professora.

O Núcleo de Acessibilidade (Nac) da Ufal também participou da formulação da proposta. A própria resolução já contemplou algumas regras de inclusão de pessoas com deficiência. “Fizemos o texto com a fonte verdana, tamanho 16, para atender às pessoas com visão subnormal, conhecida como baixa visão, fugindo aos padrões tradicionais de apresentação de minutas. Quando  o documento for aprovado, também faremos uma edição do documento em Braille e o documento será traduzido em libras também”, garantiu a coordenadora.

Como o debate se estendeu por quase três horas e ainda havia destaques a serem avaliados, a sessão foi suspensa às 19 h e a minuta voltará a ser apreciada pelo Conselho em convocação extraordinária no dia 10 de dezembro.

Representação estudantil prorrogada

Ainda nessa sessão do Consuni,  foi aprovada a prorrogação dos mandatos dos oito conselheiros estudantis e de seus respectivos suplentes. A conselheira Brenda Samello justificou a necessidade de mais prazo para a eleição dos novos representantes. “A gestão do Diretório Central dos Estudantes (DCE) não conseguiu convocar a assembleia do Conselho de Entidades de Base (Ceb) a tempo para essa eleição, especialmente para garantir a participação dos Centros Acadêmicos dos campi fora de sede”, explicou a conselheira.

Dessa forma, o mandato foi prorrogado por dois meses, podendo ser finalizado antes disso, caso o Ceb consiga se reunir antes para indicar os novos representantes. “Sentimos a necessidade de solicitar essa prorrogação para não haver vacância e o segmento estudantil ficar um período sem direito a voto no Conselho. Acreditamos que a participação dos estudantes nesse Conselho é fundamental para garantir a representatividade de todos os segmentos da comunidade universitária”, concluiu Brenda Samello.