Projeto Imersão, por Márcio Ferreira

O que fazer quando o contato com o idioma não é fácil? Quando a temperatura pode chegar a menos 40ºC? Quando se vive debaixo do mesmo teto que pessoas procedentes de diferentes continentes? Desde agosto, o estudante de Engenharia Ambiental, Márcio Ferreira, vem respondendo a essas perguntas. Compartilhe das experiências dele, diretamente de Sudbury, Canadá, onde atualmente está pelo programa Ciência sem Fronteiras.


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Márcio Ferreira faz imersão no Canadá | nothing
Márcio Ferreira faz imersão no Canadá

Sou estudante de Engenharia Ambiental pela Ufal [Universidade Federal de Alagoas] e iniciei minhas atividades no Canadá no dia 31 de agosto deste ano. Por aqui, sou estudante da Laurentian University, localizada na cidade de Sudbury, localizada a quatro ou cinco horas de carro até Toronto. Até o momento apenas tenho aperfeiçoado o inglês. No meu caso, que possuo a nota mínima exigida pelo edital, não tem sido fácil, mas tem dado certo. 

Os maiores desafios têm sido o idioma e o frio, mas, após pouco mais de um mês aqui, já começo a me acostumar com ambos, apesar do frio que agora sinto não ser nada comparado com os 40°C negativos do inverno canadense, que se aproxima.

Ao chegar ao Canadá, optei por morar em homestay, que é uma forma de estudantes em intercâmbio ficarem em casas de residentes locais. Com isso, tive a oportunidade de compartilhar e conhecer a cultura com um indiano e um chinês, ambos estudantes da Laurentian, e ucranianos, proprietários da casa. Obviamente houve a diferença cultural, mas por aqui não se evidenciou muito e foi rapidamente superada. Além do convívio com pessoas de outros países, também há a diferença cultural entre os brasileiros de diversas partes do Brasil que por aqui se encontram.

Apesar do Canadá ser um país bilíngue, muitas regiões usam apenas um dos idiomas: francês no Quebec e inglês nas demais províncias, com algumas exceções, como a capital, Ottawa, que usa os dois.

Minha cidade tem 40% da população com ascendência francesa, então tudo aqui é realmente em dois idiomas. A universidade, onde passo a maior parte do meu tempo, também é bilíngue, então, constantemente sou saudado em francês, assim como em supermercados e shoppings, por exemplo.

A educação dos canadenses também me impressionou: costumam dar bom dia, agradecer o tempo inteiro e outras pequenas coisas, como por exemplo, o que presenciei no último fim de semana, quando muitas pessoas, ao descer do ônibus, desejaram um bom dia de ação de graças uns aos outros.

A grande surpresa para mim foi realmente a cidade, pois Sudbury possui pouco mais de 160 mil habitantes e tem estrutura e facilidades de cidades grandes daí do Brasil. Nem tudo é perfeito por aqui, o sistema de transporte público não é lá essas coisas: poucas linhas, poucos ônibus e rotas, às vezes, estranhas. No fim das contas é até entendível, pois praticamente todo mundo tem carro por aqui. Creio eu que o principal fator é o inverno, quando se torna bem difícil caminhar até um ponto de ônibus, além de ter preços mais acessíveis tanto o carro quanto o combustível. 

A cidade tem sua economia baseada na mineração e a maior empresa da minha cidade é a Vale, isso mesmo, a mineradora brasileira, na verdade, uma de suas subsidiárias. Esse fato me deu um certo orgulho ao chegar aqui, apesar de saber que a Vale já não é tão brasileira assim.

Academicamente, ainda não tive nenhuma experiência, como falei anteriormente. Minhas aulas (acadêmicas) têm início programado para 4 de janeiro de 2016. Provavelmente serei ligado ao curso de Engenharia Química. Enquanto elas não começam, faço aulas de inglês na universidade, posso ver a rotina, mas não viver a rotina acadêmica. Não tive acessos aos laboratórios, nem nada do tipo ainda. Quanto às estruturas da Universidade, são as melhores possíveis; toda sala com multimídia e todas as facilidades necessárias para o desenvolver das aulas. Isso já era de se esperar!

Sei que ainda não tive tempo de vivenciar todo o Canadá, nem terei, mas com o passar do tempo e ao fim da minha bolsa tenho certeza que terei vivido o Canadá e posso voltar a compartilhar ainda mais com vocês.