Projeto Imersão, por Camila Oliveira

A segunda estudante imersa que conheceremos, Camila Oliveira, está aproveitando o período de estudos na Sapienza Università di Roma, universidade fundada em 1303, para conhecer a si mesma. Abaixo ela conta como os cenários, a comida e as diferenças culturais estão transformando o seu modo de ver o mundo.


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Camila, na Villa Gregoriana, Tivoli | nothing
Camila, na Villa Gregoriana, Tivoli

Sou estudante do curso de Arquitetura e Urbanismo, do Campus Arapiraca. Estou no oitavo período do meu curso, mas foi enquanto estava no sétimo que decidi tentar o intercâmbio, na Itália, pois desde criança eu quis conhecer o país, por uma série de imagens que criei dele. 

Apesar de morar em Roma há menos de dois meses, eu vivo a cidade há muito mais tempo, desde que comecei a sonhar com a possibilidade de vir para cá. Às vezes, não sei se já caiu a ficha, como comumente se diz. Ainda é inacreditável estar dentro dos meus livros de História da Arte, me sentir parte das aulas que assisti na faculdade.

Roma é encantadora. Quando me deparei com o Coliseu, ainda assim, não acreditei. A todo tempo você sente como se estivesse num filme, assistindo pela janela do ônibus ao Coliseu, ao Foro Romano, à Basílica de São Pedro ao longe, às praças, às obras de arte, a cada esquina.

Chegar até aqui me permitiu abandonar inúmeras certezas. Me dei a permissão de não saber sobre muitas coisas, de me surpreender com cada rosto completamente diferente. Permitir-se é a coisa mais incrível que eu já consegui fazer por mim. Tenho vivido uma série de momentos incríveis, rodeada de nacionalidades diferentes e de gostos, modos e culturas completamente diversos. Tenho olhado, sentido e percebido mais ainda sobre mim, através de cada um que me aparece, de cada sotaque que traz o Brasil para mais perto e ao mesmo tempo me mostra como é enorme, como é fantástico, como eu pertenço a ele.

O Brasil faz muita falta e tem muitos aspectos maravilhosos. O gostinho da comida de casa, o cheiro do feijão e o carinho da mãe fazem falta, até porque, aqui, tudo é mais intenso, como se há tempos isso já fizesse parte de mim, mas, ao mesmo tempo, me sinto invadida e inundada, inclusive pelos sonhos de cada um que eu conheço.

Impossível não deitar e pensar: que sorte, que bênção, quanta gratidão! Estou vivendo e sentindo cada minuto. Está sendo mais do que eu sonhei e isso é maravilhoso. Viver a Europa por um ano é o maior aprendizado que eu poderia ter.