Estudantes representam Ufal em Seminário Afro-Alagoano Ìgbá Wá

Adjane Ramos e Juliana Alves socializaram suas experiências enquanto pesquisadoras do mestrado e doutorado em Educação


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Adjane Ramos e Juliana Alves socializaram suas experiências enquanto pesquisadoras do mestrado e doutorado em Educação

Deriky Pereira - estudante de Jornalismo

A Universidade Federal de Alagoas esteve representada na 19ª edição do Seminário Afro-Alagoano Ìgbá Wá por meio das estudantes do Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE), Adjane Ramos e Juliana Alves. Durante o evento, elas participaram ativamente socializando suas experiências enquanto pesquisadoras do mestrado e doutorado, respectivamente, da Ufal e obtiveram destaque.

Adjane, que é aluna do mestrado, levou para o evento a discussão sobre O racismo na escola ou a sub-representação da população preta na educação brasileira. Para ela, torna-se extremamente importante discutir problemas vivenciados pela sociedade, em especial a presença do racismo nas escolas. "O mito da democracia racial ainda está presente em nossa sociedade. Tal ideia afirma que a população brasileira vive em harmonia, ou seja, não existem atos preconceituosos e discriminatórios, mas a realidade nos comprova exatamente o contrário. Por meio da minha pesquisa, realizada durante o ano de 2013 em duas escolas públicas estaduais de Maceió, pude constatar tal fato”, disse.

Já a pesquisadora e aluna especial do doutorado, Juliana Alves que, no mestrado, realizou uma análise sobre a educação em direitos humanos a partir das práticas pedagógicas desenvolvidas nas escolas públicas estaduais, traz para o doutorado a temática da violência que acomete a juventude alagoana, a partir de uma preocupação que visa verificar as estratégias das políticas públicas voltadas para minimizar esta problemática.

No evento, ela participou de uma mesa sobre Seletividade Penal, a PEC-171/93 e a sociedade dos excluídos com o advogado e membro da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-AL), Mirabel Rocha. “Desvelar o que está por trás de uma proposta que permaneceu adormecida durante 23 anos, além de importante, torna-se essencial para que a sociedade compreenda a lógica excludente e desumana que existe em sua estrutura”, explicou.

A pesquisadora defende, ainda, que a redução da maioridade penal não reduz a violência. “Conforme o que vem sendo vivenciado em outros países que adotaram tal medida, pelo contrário, a redução contribui para uma violência muito maior, em nosso caso, só vai agravar o que já vivenciamos, pois a PEC-171 nada mais é que um grande estelionato aos direitos humanos, principalmente aos direitos de nossas crianças e adolescentes”, concluiu Juliana Alves.

Sobre o seminário

Com o tema O Cotidiano do Racismo Contemporâneo e a Construção das Relações Humanas, a 19ª edição do Seminário Afro-Alagoano Ìgbá Wá propiciou a troca de muitos conhecimentos e colaborou para debates e discussões significativas acerca da problemática vivenciada pelo povo negro no Brasil, em especial a sua juventude.

O evento, realizado pelo Instituto Raízes de África, abordou questões relevantes, desde a Lei 10.639/03 (que versa sobre o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana, ressaltando a importância da cultura negra na formação da sociedade brasileira) e toda dificuldade da Escola para tratar a temática do negro e do racismo; perpassando pela realidade vivenciada pela população negra no mundo e em Alagoas.

Outra discussão em destaque no encontro, que enfatizou discussões atuantes do contexto social da população, foi a já citada Proposta de Emenda à Constituição (PEC-171/93) que trata da redução da maioridade penal de 18 para 16 anos até o problema da violência e o extermínio dos jovens pretos, pobres e da periferia.

Além de contar com a presença de autoridades, como a consulesa da França Alexandra Baldeh Loras, e representantes da militância local, o seminário propiciou a socialização de trabalhos que vem sendo desenvolvidos por pesquisadores alagoanos e versam sobre a questão dos direitos humanos, principalmente aqueles que consistem em tratar sobre o negro, a violência e a juventude.